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Construção civil - Materiais alternativos podem diminuir custo de habitações

Cinzas do bagaço de cana-de-açúcar poderá ser utilizada em substituição ao cimento - Elza Fiúza/ABr
Cinzas do bagaço de cana-de-açúcar poderá ser utilizada em substituição ao cimento Imagem: Elza Fiúza/ABr

Ronaldo Decicino

O Brasil tem realizado pesquisas na área de novos materiais para a construção civil, a fim de baratear o custo das habitações, mas sem comprometer a qualidade.

Areia, brita, cal, cimento, ferro, madeira e tijolos são materiais comuns empregados na construção civil, mas não são únicos, e podem ser substituídos por produtos alternativos.

Notícias sobre a existência de estudos e propostas de construção com materiais não convencionais chegam de toda a parte do país. A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, por exemplo, em parceria com empresas de granito, papel, couro e construção, investiu num laboratório projetado para emitir laudos ambientais sobre os rejeitos industriais desses segmentos, desde que tenham potencial para aplicação na construção de moradias.

Na mesma linha de trabalho surgem a Universidade São Francisco (USF), de Bragança Paulista, em São Paulo, envolvida com pesquisas centradas em resíduos de gesso e materiais cerâmicos, e a Universidade Federal de Santa Catarina (USFC), envolvida em estudos com cinzas termoelétricas, casca de arroz e entulhos. Fora isso, a universidade catarinense ainda se ocupa do aperfeiçoamento tecnológico para a construção de moradias com madeira de pínus e eucaliptos.

Em Pirassununga, no interior de São Paulo, pesquisas conduzidas pela Universidade de São Paulo (USP) objetivam a substituição parcial do cimento tradicional pela cinza de bagaço de cana-de-açúcar. Espera-se que o projeto possa se converter numa contribuição real para o barateamento dos insumos da construção civil.

A mesma expectativa surge em relação ao bloco Isopet, uma proposta da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O Isopet é confeccionado em concreto leve, com a adição de EPS (poliestireno expandido, isopor) e de garrafas PET em sua parte interna, depositadas inteiras, tampadas e posicionadas tanto no sentido vertical como horizontal (o PET é um polímero termoplástico de alta resistência).

Bambu e adobe

O bambu também tem servido à realização de projetos no campo da construção civil. Países como Colômbia, Costa Rica, Equador e Peru já fazem uso intensivo da planta em grandes construções. O bambu é um recurso renovável, de produção fotossintética, abundante na natureza e que dispensa o processo industrial para ser transformado em material de construção.

Há ainda a terra, uma das matérias-primas de maior disponibilidade no planeta, que pode vir a dar uma nova contribuição à construção civil. O tijolo cru, ou tijolo ecológico, por exemplo, que seca ao sol, dispensa o consumo de energia, como ocorre com o produto convencional. Chamado de adobe, ele pode ser fabricado por qualquer pessoa e em qualquer lugar.

Em termos de resistência e conforto ambiental, o adobe é perfeito. Quanto à sua durabilidade, existem construções com séculos de existência e que foram erguidas com o tijolo cru.

Todas essas pesquisas perseguem a receita da construção de casas populares de qualidade, acessíveis a uma camada maior da população. Falta que o Estado se conscientize das potencialidades representadas por esses elementos - e do conceito "ecologicamente correto" embutido em muitos deles.

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