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Aspas - Como utilizar esse recurso gráfico

Sueli de Britto Salles, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Muitas vezes estamos redigindo algo e usamos uma expressão em sentido figurado, irônico. Queremos que o leitor perceba nossa intenção e, para isso, vamos colocando as palavras entre aspas. Mas será que isso sempre cai bem nos diferentes tipos de textos? Para responder essa questão, precisamos primeiro identificar quando e como esses sinais gráficos devem ser usados.

As aspas são usadas sempre em pares, uma no início e outra no fim do termo destacado. De modo geral, elas são usadas nas seguintes situações:

1- assinalar palavra ou trecho citado ou transcrito

Isso ocorre muito em jornais ou revistas, indicando expressões ou frases ditas por entrevistados, como no exemplo:

“Para mim, 2011 começou hoje, e nos focamos em aprender o máximo sobre os novos pneus”, falou o alemão, que volta a treinar hoje.

Também é possível usar aspas nos trabalhos escolares, marcando um trecho que foi copiado exatamente do modo como estava no texto pesquisado. Nesse caso, o recurso gráfico indica que o trecho pertence a outro autor, por isso, a ausência de aspas caracteriza apropriação indevida do texto alheio, ou seja, crime de plágio.

Em transcrições com mais de um parágrafo, colocam-se aspas no começo de cada parágrafo, mas apenas no final do último. 

Quando houver aspas no trecho que está sendo copiado (citado), usam-se aspas simples (‘ ‘) na citação interna, diferenciando-a da citação maior:

O autor afirma que “por pressão da direita conservadora,  a ‘generosidade natalina’ norte-americana excluiu os países pobres de certos programas de benefícios”.

Quanto à pontuação, ficará dentro das aspas se a frase estiver completa; se o trecho entre aspas estiver dentro de outro período, o ponto ficará fora. Exemplos:

“Ele já está recuperado.”

O técnico afirmou que “Ronaldo vai jogar”.

2- indicar nomes de publicações (científicas, literárias, da mídia) ou de obras artísticas

Também se incluem aqui outros  tipos de títulos, como de artigo de jornal, crônica, de revista, capítulo de livro.

Vejamos um exemplo:

 No artigo “Patrulhas sexuais”, Nelson Motta critica o moralismo norte-americano.

 3- assinalar o uso de palavras que fogem ao uso convencional, como jargões profissionais, gírias, palavras com erros gramaticais, expressões estrangeiras

Exemplo de uso:

Os garotos classificaram o novo jogo como “irado” e muito “fashion”.

Excluem-se os termos estrangeiros já incorporados e as palavras aportuguesadas.

4- destacar expressões sendo mencionadas e não usadas (no futebol, o termo “chapéu” pode significar um tipo de drible) ou com sentido especial, como indicando ironia

Vale lembrar que a ironia não é indicada para textos dissertativos, nos quais se deve evitar o uso de aspas indicadoras de sentidos especiais.

Já nas crônicas ou em artigos de opinião de jornal, a ironia é bem comum.  Veja, abaixo,  em um fragmento do artigo “Patrulhas sexuais”, de Nelson Motta, um exemplo disso:

Os Estados Unidos cancelaram uma doação de US$ 48 milhões para os programas brasileiros de combate à Aids porque nosso governo se recusou a excluir as prostitutas dos programas de prevenção e tratamento como queriam os americanos, que, na era Bush, fazem uma espécie de "seleção moral" para a sua "generosidade". Para eles, quem vive de alugar seu corpo, sua companhia e seus serviços sexuais não merece ajuda para sobreviver à doença mortal.  

Assim, as aspas possuem grande utilidade e podem aparecer nos mais diferentes tipos de textos, desde os científicos (em citações, indicações de palavras com sentido técnico, nomes de publicações...) até os mais descontraídos, como as crônicas (na marcação de ironias e demais sentidos figurados).  Porém, como qualquer outro recurso gráfico, precisam ser usadas de modo preciso e bem dosado, evitando poluir a estética e prejudicar a clareza do texto.