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Segunda melhor no país no Enem por escola, particular do Piauí tem 30 alunos para cada vaga

Aliny Gama<br>Especial para o UOL

Em Maceió

12/09/2011 03h00

Acostumado a estar entre os destaques nacionais de qualidade, o Instituto Dom Barreto procura fazer da escola uma extensão da casa do aluno. Afinal, os estudantes passam oito horas do seu dia por lá, de segunda a sábado -- entram às 13h e saem 20h50, no caso dos alunos do ensino médio. Eles fazem duas pausas para o lanche, uma às 16h e outra às 19h.

"Na nossa escola, os alunos se sentem em casa e, em casa, [eles] se sentem na escola. Os professores são conselheiros e amigos dos alunos e eles também fazem da escola seu lar. Tradicionalmente, os filhos dos nossos docentes também estudam na escola", explica a coordenadora pedagógica do ensino médio, Marcela Rangel.

INSTITUTO DOM BARRETO

REDEParticular
MÉDIA TOTAL754,13
POSIÇÃO NO RANKING GERAL
TAXA DE PARTICIPAÇÃO95,7%

Com mensalidade de R$ 695 para o ensino médio, a concorrência no Dom Barreto chega a 30 candidatos para cada vaga -- processo que é realizado anualmente por meio de provas e entrevista.

O valor mensal desembolsado pelos responsáveis é baixo, se comparado com os quase R$ 3.000 da escola com maior nota no Enem, o Colégio Vértice de São Paulo. No entanto, o investimento supera bastante o que o governo considerou o mínimo a ser investido por aluno -- em 2011, um aluno do ensino médio no Estado do Piauí será de R$ 2.066,46 durante o ano todo.

Localizado em Teresina, o colégio apresenta um ritmo diferente das demais instituições e, por isso, ele dá preferência aos alunos que cheguem até o 1º ano do ensino médio. “Fica complicada a adaptação do aluno com o novo sistema de ensino junto com a preparação para o processo seletivo”, explica. “Se um aluno é transferido para outra escola no 2° ou no 3° ano do ensino Médio aquela vaga vai ficar em aberto. Podemos abrir uma exceção para ex-alunos, mas é muito difícil isso acontecer”, afirma a coordenadora. Segundo Marcela, os horários mais longos e a disciplina para o estudo são heranças da época em que a escola funcionava em regime de internato.

Rotina puxada e competição

A mentalidade no Dom Barreto é clara: a escola quer preparar os estudantes para que eles "atinjam os resultados de ótimo a excelente", segundo Marcela. Além de seguirem uma rotina rígida de estudos, com carga horária acima dos dias letivos mínimos exigidos por lei, a instituição estimula a participação dos alunos em competições organziadas pela própria escola e em Olimpíadas nacionais e internacionais de matemática, física e química. “Já participamos de olimpíadas no Irã e Azerbaijão. Todos os anos os alunos participam da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica. Estamos preparando os alunos para irem a Suíça e África no ano que vem”, conta.

Parte do treinamento dos estudantes é em relação à pressão e ao tempo das provas. “Eles aprendem a administrar o tempo para se desempenharem melhor nas provas”, conta Marcela. Aos sábados, muitas das "aulas" são simulados no estilo dos processos seletivos. "Eles estão sendo preparados para obterem os melhores resultados nos vestibulares de todo o Brasil e ainda ingressarem em carreiras de pós-graduação, como mestrado, doutorado e pós-doutorado", disse.

Além das matérias da grade curricular normal, os alunos têm aulas de xadrez (para desenvolver o raciocínio lógico e estratégico), nanotecnologia, robótica e até latim. Filosofia e sociologia já faziam parte da rotina antes de se tornarem obrigatórias.

O resultado de tanto esforço, segundo Marcela, é visível nas listas de aprovados nos vestibulares. “Dos alunos que se submetem a vestibular, 90% são aprovados”, diz a coordenadora pedagógica.

Com 3,3 mil estudantes matriculados na educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio), a escola diz combinar as linhas tracional e construtivista (veja a diferença entre elas aqui). O estudantes usam livros didáticos e também têm um reforço de apostilas elaboradas pelos próprios professores, na forma de fotocópia.

As turmas têm no máximo 35 alunos.

Os professores, segundo a coordenação da escola, têm, no mínimo, especialização para dar aula no ensino infantil. Já os profissionais do ensino fundamental têm mestrado -- a pós-graduação strictu senso é requisito obrigatório para os docentes do ensino médio ainda segundo a direção da escola.