Topo

Diretora é exonerada após subornar alunos para melhorar nota do Saerj

Julia Affonso

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/12/2012 13h12

A diretora Sirlene da Cruz Figueira, do Ciep Luiz Carlos Veronese, em Nova Friburgo, interior do Estado do Rio de Janeiro, foi exonerada do cargo acusada de ter subornado alunos do ensino médio. O dinheiro foi oferecido para que eles fizessem as provas do Saerj (Sistema de Avaliação do Estado). A Seeduc (Secretaria do Estado de Educação) premia os professores e diretores dos colégios bem avaliados com bônus salarial, e os melhores dez mil alunos da rede estadual, com computadores portáteis.

Os alunos da escola fizeram dois vídeos com a conversa com a diretora e publicaram na internet na segunda-feira (17). No primeiro, eles filmaram a diretora oferecendo “prêmios”, para quem fizesse as provas. Nas imagens, Sirlene propõe aos alunos que eles escolham um DVD para ser “sorteado”.

Diretora negocia pagamento a estudantes

“Para mim seria melhor comprar o prêmio. Mas eu estou fazendo o melhor para vocês, então vou dar do meu”, diz ela, quando perguntada por um aluno se daria “noventinha”, para eles dividirem.

Durante o vídeo, a diretora mostra-se preocupada com a possibilidade de ser filmada, o vídeo cair na internet e ser usado como uma arma contra ela. Ela ainda pede que os estudantes não dividam o dinheiro na rua, para não gerar fofoca por causa “desse negócio dessa ética”.

Na segunda filmagem, Sirlene aparece contando o dinheiro para pagar os alunos. “Cinquenta, setenta, noventa. Meu presente”, diz ela.

Segundo a Seeduc, a professora admitiu a conversa e o pagamento aos alunos. O suborno era para que os estudantes refizessem a prova no dia 10 de dezembro. A secretaria abriu uma sindicância para decidir se a diretora será presa, a sindicância deve durar 45 dias. O órgão classificou o caso como inaceitável. “Não há motivo que justifique fraude ou corrupção”, disse em nota.

Exame cancelado

No fim de novembro, a Secretaria de Educação também exonerou a diretora do Colégio Estadual João Kopke, em Piedade, depois de ter violado os lacres de um dos modelos da prova de português do Saerj para o 3º ano do ensino médio.

A fraude em um dos 21 modelos atingiu 10 mil alunos, o que obrigou a secretaria a anular os testes de todos os 130 mil estudantes da série e refazê-lo e gerou um custo de R$ 500 mil. De acordo com a assessoria de imprensa da Seeduc, a diretora assumiu a culpa.

O resultado da avaliação Saerj será divulgado pela secretaria em fevereiro.