Escola de Santos (SP) usa chip para registrar entrada e saída de alunos
Vitor dos Santos Farias, 13, é aluno de uma classe do 9º ano em uma escola particular de Santos (a 72 km de São Paulo). Os pais do garoto já permitem que ele volte para casa sozinho, mas têm garantia de que o jovem faz o trajeto e o horário corretos: afixada em sua mochila, há uma etiqueta eletrônica que “avisa”, por mensagem enviada ao telefone celular deles, que Vitor saiu da escola na hora certa.
O “uniforme inteligente” começou a ser adotado há três semanas no colégio Onis, situado no bairro Ponta da Praia. Dos 450 estudantes do ensino fundamental, 70 já foram incluídos no sistema, com a colocação de um chip dentro de uma etiqueta grudada em uniformes, mochilas, estojos e lancheiras.
O estudante considera o sistema “legal", principalmente para os pais. "Não sinto minha privacidade invadida”, afirma Vitor. Sua mãe, Maristela Galvez Farias, que trabalha como secretária em um consultório de advocacia, aprova o serviço. “Dá liberdade para ele voltar sozinho e, calculando o tempo que ele demora para voltar, sei que ele não vai ficar na esquina conversando”.
A passagem do aluno que carrega o chip é identificada eletronicamente por um sensor, próximo ao portão principal da escola, que envia dados a um programa de computador. Este remete mensagens no formato SMS para celulares cadastrados, informando o nome do aluno e a que horas ele entrou e saiu do colégio. A ideia surgiu no ano passado e, desde então, pais receberam orientações sobre o sistema.
A adesão é opcional. No próximo ano, as etiquetas serão afixadas nos uniformes à venda para todos os alunos, segundo a diretora da escola, Vandressa Guimarães Duarte Gaspar. “Porém, o acionamento do chip, mediante autorização preenchida na secretaria, será opcional. Nosso objetivo não é ser 'dedo-duro', pois não temos problema de evasão. É uma questão de segurança”, afirma.
A adoção do “uniforme inteligente” exigiu investimentos de R$ 20 mil à escola. Para dispor do sistema, os pais pagam entre R$ 5 e R$ 8 por chip afixado (o valor muda conforme o objeto onde ficará) e uma taxa mensal de R$ 19,80 pelo serviço de SMS. Todo o dinheiro, segundo a diretora, é revertido à operadora –a empresa DäCosta e Chiara, de São Paulo.
Aluna acha estranho
A mesma empresa diz que instalou o sistema de etiquetas eletrônicas na rede municipal de ensino de Vitória da Conquista (BA), com cerca de 18 mil alunos, no ano passado. O diretor técnico da DäCosta, Edilson Almeida Costa, afirmou que a evasão escolar caiu de 30% para até 10% em alguns colégios.
Porém, como evitar que haja fraudes? Por exemplo, um aluno pode pôr na mochila uma camiseta com o chip de outro, a fim de registrar que os dois entraram na escola.
Costa explica: “Quando dois alunos com chip passam pelo sensor ao mesmo tempo, e isso ocorre mais de uma vez, o sensor manda um alerta, e o professor faz a verificação de presença. Caso se constate que o aluno não está, a escola avisa os pais”.
Renata Luíza Issi Dias, 15, aluna de uma classe do 8º ano, é a única dos 28 estudantes em sua sala a usar o chip, afixado em quatro camisetas do uniforme. “Achei estranho, mas minha mãe quis colocar para eu não correr risco no caminho da escola. Se bem que não precisava, pois tenho telefone celular e posso ligar para meus pais”, afirmou ela, que leva 20 minutos no trajeto do colégio para casa.
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