Escola é acusada de racismo após pintar crianças de preto em MG
A oficina com tintas do Play Centro de Desenvolvimento Infantil, escola na zona sul de Belo Horizonte, com crianças de quatro e cinco anos se pintando de preto rendeu polêmica após a publicação de um post no Facebook. Nos comentários, internautas acusam o educandário de racismo.
A imagem dos alunos pintados de preto foi acompanhada também de um texto da escola: “Pintamos nossos corpinhos e passamos a tarde vivenciando ter a cor negra. Foi um experimento estético muito interessante para a meninada”.
Movimentos de estudos e defesa de negros e afrodescendentes criticaram duramente a escola. "Porque vivenciar momentos de uma pessoa da raça negra é muito diferente das outras raças, não é?", ironizou uma internauta.
"Primeiro que já é errado expor fotos de crianças de 2 anos na internet. A postagem estava bem clara, vocês estavam experimentando ter a cor negra, como se uma pessoa negra fosse motivo de experimento social", comentou outra internauta.
O Play Centro retirou o post de sua página no Facebook, após uma resposta às críticas também na mesma página. “Não vamos polemizar. Não houve racismo. Movimentos de afro-descentes reclamaram quando usamos a cor preta, que tinha relação com a atividade no dia. Mas não reclamaram quando usamos o verde, o azul e o vermelho”, diz a coordenadora do Play Centro Luciana Salles, 32.
"A escola tem professores e alunos negros, além de crianças deficientes e portadoras de necessidades especiais. Trabalhamos tintas e cores, a atividade não tem nenhum cunho racista como alguns enxergaram”, afirma. “Tiramos a postagem para preservar a imagem das crianças, já que ela estava sendo replicada."
Luciana Salles explica que, pouco antes da atividade, as crianças acompanharam a leitura do livro Bonequinha Preta, da escritora mineira Alaíde Lisboa (1904-2006), que ela considera um “clássico” da literatura infantil brasileira. “Nesse dia, as crianças se pintaram de preto, com a relação da atividade com a leitura, feita anteriormente.
A coordenadora lembra ainda que a “vivência” experimentada pelas crianças não se enquadra em prática racista. “O que nossas crianças vivenciaram não se enquadra com prática de segregação racial. Pelo contrário, ter o corpo pintado configurou-se em uma exploração sensitiva prazerosa”, afirma.
Após uma nota de esclarecimento nas redes sociais, mais comentários contra a atividade foram publicados. "Foi Black Face, óbvio. Pode não ter sido por maldade, mas apenas por ignorância. Precisamos entender que o racismo muitas vezes não é intencional, é produzido sem consciência de que seja racismo. Mas não deixa de ser", comentou outra internauta.
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