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Jovem passa em nove universidades dos EUA e arrecada dinheiro para viagem

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Imagem: Divulgação

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

17/07/2015 06h00

Filha de cabeleireira e de um comerciante, a baiana Georgia Gabriela da Silva Sampaio, 19, virou notícia em todo país quando foi aceita em nove faculdades dos Estados Unidos. Agora, a jovem luta para arrecadar US$ 6.176 que irão custear o visto, a passagem de ida para a Universidade Stanford e também a compra de livros, roupas de inverno e entradas de congressos. Para conseguir a quantia, Geórgia criou uma vaquinha online e conta com doações a partir de um dólar.

Há três anos, Geórgia desenvolve um novo método diagnóstico para endometriose. A pesquisa foi premiada pela universidade Harvard. “Por todo este tempo, procurei apoio em universidades e instituições públicas brasileiras e não encontrei nenhuma instituição que pudesse me dar suporte. Precisei dar continuidade ao meu projeto por conta própria e precisei sair do Brasil para que me ouvissem”, conta.

O interesse pela doença, segundo a futura engenheira biomédica, veio do diagnóstico tardio da tia. “Comecei a pesquisar sobre endometriose durante o 2º ano do ensino médio. Estudei a parte teórica da pesquisa científica que darei continuidade em Stanford. Não pesquisei em um laboratório ou centro de pesquisa porque eu não tive acesso a nenhum aqui na minha cidade”.

A jovem sempre estudou em escolas particulares por intermédio de bolsas integrais em Feira de Santana, Bahia. Além das faculdades dos Estados Unidos, ela também passou em quatro vestibulares no Brasil, dois na Universidade Estadual de Feira de Santana e dois na Universidade Federal do Rio de Janeiro para os cursos de engenharia civil, computação, elétrica e eletroeletrônica.

“A sensação de ser aprovada é múltipla. Desde a recompensa pelo trabalho árduo, até a sensação de dever cumprido, passando pela sensação de alívio por ter feito valer o investimento e a confiança que diversas pessoas depositaram em mim”, diz a jovem.

Educação no Brasil

Questionada sobre a educação no Brasil, Geórgia conta que tinha uma professora de redação que era diretora de uma escola pública. “Ela sempre falava sobre como o projeto da escola pública era bem estruturado, mas que, por conta da falta de fiscalização, os diversos desvios de dinheiro e de materiais, e a falta de investimento no material humano (os professores), a qualidade caía muito”.

Para a jovem, o país precisa se reestruturar em diversos âmbitos e investir mais nos professores. “A educação é pouco flexível. Estudamos as mesmas coisas, nos mesmos formatos, há décadas. Além disso, a educação superior é super engessada e os estudantes têm pouca liberdade de cursar matérias em departamentos diferentes ou mudar de curso, descobrir novas aptidões”.

O apoio que a estudante recebeu no Brasil foi em grande parte de pessoas físicas. Desde o empréstimo de livros, até a contribuição direta com o estudo. “O apoio institucional veio através das bolsas de estudo. Minha escola também pagou as taxas da minha candidatura para os EUA e o financiamento de uma viagem para os EUA que fiz em abril, feito pelo banco SICOOB”, explica.

Ajuda online

A baiana já arrecadou US$ 2.413 e precisa do restante até meados de agosto. A expectativa é que ela embarque para os Estados Unidos no dia 10 de setembro, pois precisa estar em Stanford no dia 12.

“Meu maior sonho é impactar a rede pública de saúde através da inovação. Ou seja, detectar problemas que atinjam o SUS e, consequentemente, a população mais carente e pensar em soluções e implementações para eles”.

Para ajudar Geórgia, basta acessar o site por meio deste link. No portal, é possível verificar todos os gastos da estudante.