Topo

Oposição acusa Capez de manobra para adiar CPI da merenda

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

04/05/2016 15h45

Com o anúncio de ponto facultativo (folga), quase não se veem parlamentares nos corredores da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) na tarde desta quarta (4). 

Segundo o depuatdo Carlos Gianazzi (PSOL), essa atitude do presidente "inviabiliza" o avanço nas assinaturas para a instauração da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da merenda, a principal reivindicação dos manifestantes que ocupam a Casa desde o final da terça-feira.

Até a noite de terça-feira, a oposição contabilizava 25 das 32 assinaturas necessárias para protocolar o pedido da CPI. Gianazzi diz que a intenção é conseguir as sete últimas assinaturas "o mais rápido possivel".

Manobra

Para deputados da oposição, a atitude do presidente da Alesp, Fernando Capez, foi manobra para adiar a coleta de assinaturas. Capez é um dos envolvidos no escândalo das merendas -- o que ele nega.

"Os deputados não vieram. Muitos são do interior e voltaram para suas cidades", afirmou Gianazzi.

"A partir do momento que você esvazia a casa, fica mais difícil", completa a deputada Leci Brandão (PCdoB). 

O deputado do PSOL critica ainda o que chamou de "CPIs inócuas" da base aliada do governo: "São CPIs cosméticas, que entram na frente da CPI que quer investigar a corrupção do governo".

Outro lado

"A única manobra adiando a CPI é a invasão. Já estava sendo articulada [a instauração da CPI]. Agora, sob coação, fica mais difícil", afirmou Capez, que também se defendeu das acusações de participar da chamada máfia da merenda.

Para Capez, o objetivo é desestabilizar a política em São Paulo, para tirar o foco da crise política em Brasília.

Segundo ele, com o pedido de reintegração de posse já protocolado, a desocupação do plenário "depende da Justiça"

Tranquilo

Apesar do esvaziamento da assembleia, os deputados manifestaram apoio aos mais de 80 estudantes --número divulgado pela União Paulista dos Estudantes Secundaristas-- que estão no plenário da Casa.

O clima do lado de fora da Alesp é tranquilo, com pouco policiamento. No interior do prédio, há presença de policiais militares, que fazem reforço na segurança, e dos estudantes secundaristas que ocupam o plenário no final da tarde de terça. 

Até o momento, não foi registrado incidente entre os estudantes e a PM. Na noite de ontem, o deputado João Paulo Rilo (PT) chegou a dar um empurrão em um policial durante uma discussão.

Nesta quarta-feira, Fernando Capez anunciou a intenção de "saturar os estudantes" acampados, restringindo o acesso às dependências da Alesp. Os estudantes têm apenas garantias de água potável e uso de banheiros.

Mesmo assim, os estudantes conseguiram se alimentar, graças a refeições que os deputados de oposição entregaram em um espaço anexo ao plenário. "A gente teve uma reunião com o presidente (Capez) porque estava tudo proibido", disse Leci. "Ele teve a sensibilidade de entender."