Alunos acusam universidade de 'machismo' após demissão de professoras em SP
A demissão de seis professoras do curso de comunicação da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), cinco delas militantes em questões raciais e de gênero, motivou um grupo de alunos e ex-alunos a organizar um protesto para esta sexta-feira (1º), às 18h, em frente ao prédio da instituição na região da Liberdade (centro de São Paulo, SP).
As demissões ocorreram ao longo dessa terça-feira, segundo apurou o UOL, enquanto as professoras participavam de uma cerimônia de encerramento do semestre na qual foi apresentada a nova diretoria da faculdade de comunicação. Das seis demitidas, cinco foram dispensadas de manhã, e uma, à noite.
Uma das organizadoras do protesto é a jornalista Cinthia Viana, 21, que se formou ano passado com orientação de uma das professoras demitidas. “Quando eu soube quem eram as professoras demitidas, logo deu para perceber que o ‘padrão’ de todas elas era o mesmo: são ativistas da causa feminista e se manifestaram publicamente, recentemente, sobre uma situação de machismo enfrentada por uma professora da faculdade no exercício do jornalismo”, afirmou.
Para a jovem, o protesto de sexta quer não apenas a reintegração das professoras demitidas, como alertar a comunidade acadêmica contra suposto machismo na decisão. “Como ex-aluna, sei que essas professoras não careciam de competência. Por que só mulheres demitidas?”, questionou.
"Mulheres são menos competentes?", questiona demitida
Uma das demitidas é a professora Fhoutine Marie, 36, doutora em comunicação e integrante do núcleo de gênero da faculdade. Em entrevista ao UOL, ela afirmou que, mesmo demitida à noite, soube já durante o dia, de maneira informal, por outros colegas, que estava no grupo das dispensadas.
“Alegaram que eu tinha baixa disponibilidade de horários, e como as minhas disciplinas eram de primeiro semestre, o corte se justificava porque querem reduzir turmas de primeiro semestre. Questionei a decisão, disse que participo de dois núcleos de pesquisa – a de gênero e a racial –, mas não teve jeito”, disse. “Foi um choque perceber que só havia mulheres demitidas – ainda que a desculpa seja a necessidade de cortes. Me questiono: as mulheres são menos competentes por serem as primeiras a ser demitidas em uma necessidade financeira?”, indagou.
Reitora rechaça "preconceito"
Por meio de nota, a reitora do Complexo Educacional FMU | Fiam-Faam, Sara Pedrini Martins, afirmou que a instituição "repudia qualquer tipo de preconceito político, religioso, étnico-racial e de gênero" e destacou que a pró-reitoria e a diretoria acadêmica têm, na composição, três mulheres de um grupo de seis colaboradores.
A reitora informou ainda que as demissões não estão associadas "a qualquer questão étnico-racial ou de gênero" e destacou que a instituição avalia os professores por meio de uma "Comissão Própria de Avaliação".
"Realizada semestralmente, ela é uma ferramenta que analisa profundamente os diversos aspectos da Instituição, entre eles, a qualidade do corpo docente. Com base nos resultados desta análise e em disponibilidade de turmas e cargas horárias que definimos os docentes que permanecem conosco para o semestre seguinte. Importante salientar que esta avaliação é respondida por aproximadamente 75% de nossos estudantes e pelos coordenadores de curso", diz a reitora, na nota.
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