Topo

Adolfo Caminha Escritor cearense

29/05/1867, Aracati (CE)

1/01/1897, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

24/09/2005 08h20

Adolfo Ferreira Caminha teve uma infância conturbada pela morte da mãe em 1877 e pela seca que assolou o Nordeste, nesse mesmo ano. Fez os primeiros estudos em Fortaleza (CE) e depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Escola Naval (1883).

Na Marinha, sentiu o choque da instituição conservadora e monarquista, revelando-se republicano e abolicionista. Numa solenidade em 1884, com apenas 17 anos, fez um discurso na presença do imperador Pedro 2o, e declarou-se "contra o anacronismo da escravidão e do Império". Apesar da declaração, formou-se no ano seguinte como guarda-marinha.

Por volta de 1886 demonstrou vocação pela literatura, quando publicou os poemas "Vôos Incertos" e os livros de contos "Judite e Lágrimas de um Crente". Durante suas viagens como marinheiro, escreveu as crônicas "No País dos Ianques" (1894).

Em 1888 pediu transferência para Fortaleza. O Ceará já havia libertado seus escravos quatro anos antes e a vida literária da Capital era ativa, com vários grêmios culturais abolicionistas, republicanos e naturalistas, idéias que agradavam ao jovem escritor.

Naquela cidade, o já tenente Caminha envolveu-se num caso amoroso que lhe rendeu, inclusive, a saída da Marinha. Apaixonou-se por Isabel Jataí de Paula Barros, que deixou seu marido e foi viver com o marinheiro, escandalizando a sociedade cearense. Mas ele não se rendeu, foi trabalhar na Tesouraria da Fazenda e continuou sua atividade literária. Fundou a "Revista Moderna" (1891) e, em 1892, a "Padaria Espiritual", movimento que acreditava na educação do povo para mudar o país, e publicava o jornal, "O Pão".

Voltou para o Rio de Janeiro em 1893, já com duas filhas. E para melhorar sua renda, além do emprego no Tesouro Federal, escrevia para jornais. No mesmo ano publicou o romance "A Normalista", crítica
à vida na capital cearense, segundo os moldes naturalistas, que não fez eco entre os críticos. Dois anos depois, publicou "O Bom-Crioulo", livro ousado, de temática homossexual dentro da Marinha. Este é considerado seu melhor livro, visto que o próximo, "Tentação" (1896), é fraco e revela o declínio do Naturalismo. Morreu de tuberculose, no ano seguinte, antes dos 30 anos de idade.