Amedeo Modigliani Pintor italiano
12 de julho de 1884, Livorno (Itália)
25 de janeiro de 1920, Paris (França)
Nascido em uma próspera família judaica, estudou em Veneza e Florença, antes de se fixar em Paris, em 1906. Instalou-se inicialmente em Montmartre, mudando-se depois para Montparnasse, onde retrataria algumas de suas figuras mais conhecidas. Casou-se com uma pintora de 17 anos, Jeanne Hebuterne, que, grávida, se matou no dia em que Modigliani foi enterrado.
Modigliani pode ser considerado um autodidata, apesar dos estudos feitos na mocidade. As maiores influências, que persistem ao longo de toda a sua obra, são a pintura renascentista de Siena e as esculturas africanas.
Ao fixar-se em Montmartre, em 1906, Modigliani não trava relações com os principais artistas que ali viviam, nem mesmo com Picasso, que já se tornara famoso. A companhia frequente de Modigliani, nessa fase, é Maurice Utrillo, que o inicia no hábito das bebidas e drogas, que lhe arruinariam a saúde.
Só ao final desse período é que Modigliani faz uma obra considerada entre as suas mais importantes: o quadro "O violoncelista", exposto no Salão dos Independentes de 1909.
Nos anos seguintes, Modigliani parece ter abandonado a pintura. Muda-se para Montparnasse, onde se torna amigo do escultor Brancusi. O cubismo causa-lhe profunda impressão. Admira também a pintura de Cézanne. A arte africana e as reminiscências da pintura sienesa dão aos seus trabalhos de escultura - que faz por influência de Brancusi - as características principais.
Em 1914, por razões financeiras, retorna definitivamente à pintura. Embora a curta fase final da carreira de Modigliani seja considerada a mais importante, desde o princípio seus trabalhos possuem um estilo inconfundível: figuras alongadas, de pescoço comprido, rosto oval ligeiramente inclinado e olhos marcados por dois pequenos pontos, mas com a leve alusão de um sorriso.
Muda aceitação da vida
Seu admirável domínio da cor é completado por um quase despojamento da figura, em que muitos quiseram ver a marca de sua inclinação para a escultura.
Nos últimos anos da vida, pinta quase só retratos e nus femininos. A sensualidade de suas figuras não está em suas carnes, mas no movimento e alongamento que o pintor lhes dá. Modigliani tem o raro dom de conseguir uma empatia entre o espectador e os seus retratos.
Pelo despojamento, pela estilização, Modigliani atinge, em suas melhores obras, a uma monumentalidade penetrada de um sereno hieratismo. Seus retratos de crianças, em particular, são de emocionante simplicidade.
Entretanto, a graça às vezes pode se converter em maneirismo, e a monumentalidade em rigidez. Alguns estudiosos já observaram que algumas das deformações elegantes de Modigliani produzem uma impressão de gratuidade, senão de monotonia.
Além disso, a "expressão de muda aceitação da vida", que define, segundo o próprio Modigliani, a alma de seus modelos, pode não satisfazer a quem aprecia emoções mais fortes. Mas essas mesmas características fazem a singularidade e o encanto de sua obra.
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