Augusto Fundador do império romano
23 de setembro de 63 a.C., Roma (Império Romano)
14 de agosto de 14 d.C., Nola, Campânia, (Império Romano)
Caio Otávio, que se tornou, por adoção, Caio Júlio César Otaviano (Caiu Julius Caesar Otavianus), fundou o império romano e marcou de tal maneira sua época que ela foi chamada "século de Augusto" - do cognome religioso Augustus ("sagrado"), que o senado lhe dera em 27 a.C. e que consagrava sua missão como divina.
Caio Otávio, ou Augusto, pertencia a família abastada da burguesia equestre (classe social formada por grandes negociantes e empreiteiros). Seu avô tinha sido banqueiro. O pai, Caio Otávio, foi edil e pretor em Roma e, mais tarde, procônsul na Macedônia. A mãe, Ácia, era filha de Júlia, irmã de César, que, interessando-se pela carreira do sobrinho-neto, lhe deu educação aprimorada, levou-o à Espanha e adotou-o como filho em testamento.
Augusto reivindicou sua herança e lutou por ela contra Antônio, que se apropriara do dinheiro e dos papéis de César. Otávio pagou com seu dinheiro os legados do testamento e presidiu, com Mácio, a grandes jogos em memória de César.
Depois, uniu-se a Brutus contra Antônio, derrotou-o em Módena, e exigiu o consulado (a que não tinha direito, dada sua pouca idade). Diante da recusa do senado, marchou sobre Roma e impôs a própria investidura.
Segundo triunvirato
Ao mesmo tempo, Antônio se aliara a Lépido, governador da Gália. Otávio entendeu-se com eles e formaram o segundo triunvirato, que o senado reconheceu por cinco anos. Seguiu-se a repressão: trezentos senadores e dois mil cavaleiros foram proscritos, e numerosas propriedades confiscadas. Cícero, entre muitos, foi assassinado.
Em 42 a.C., os triúnviros derrotaram os republicanos Brutus e Cássio na Macedônia (batalhas de Filipos). Para recompensar as legiões, Otávio confiscou as terras de 18 cidades italianas. O descontentamento resultante foi explorado pelos amigos de Antônio.
Ajudado por Agripa, grande chefe militar, Otávio tomou Perusa (40 a.C.) e silenciou seus adversários. Concluiu, então, com Antônio, os acordos de Brindisi e dividiu com ele o mundo romano. Antônio recebeu o Oriente e Otávio o Ocidente. Lépido ficou com a África. Para selar o arranjo, Antônio casou com Otávia, irmã de Otávio.
Esses acordos inauguraram uma era de paz e em 37 a.C. o triunvirato foi renovado por cinco anos. Restava, no entanto, a ameaça de Sexto Pompeu. Com uma esquadra, fornecida por Antônio, Otávio derrotou Pompeu em Nauloque, na Sicília, em 36 a.C. A seguir, depôs Lépido (deixando-lhe apenas o título de "pontífice", ou seja, um alto sacerdote), sem consultar Antônio.
Antônio permaneceu no Egito, onde desposara Cleópatra e se instalara como um potentado oriental. Otávio consolidou sua situação, pacificou a Ilíria e contribuiu para a prosperidade romana, com o desenvolvimento da agricultura.
Antônio tinha partidários mesmo em Roma. Em 32 a.C. os dois cônsules quiseram processar Otávio. Foram expulsos. Trezentos senadores se refugiaram, com eles, junto a Antônio. Otávio deu publicidade ao testamento do rival, depositado, como era costume, com as vestais. Esse documento destruiu-lhe a reputação. O senado, então, o depôs e declarou guerra ao Egito.
Principado
Otávio fez-se cônsul e comandou as tropas de Roma. Batidos na grande batalha naval de Áccio, Antônio e Cleópatra se suicidaram. Otávio voltou coberto de glória e recebeu três triunfos consecutivos (os triunfos eram entradas solenes e festivas em Roma de um general vitorioso).
Otávio jamais aceitou a ditadura. Temendo ter a mesma sorte de César, abdicou solenemente de todos os seus poderes extraordinários (exceto o consulado) e propôs um novo regime, de compromisso, o principado, que guardava as formas tradicionais mas correspondia, no fundo, a uma monarquia de fato.
Longe de destruir as antigas magistraturas, assumiu-as quase todas e fez-se reeleger cônsul, sem interrupção, até o ano 23. Na aparência, não passava, então, de um magistrado como os outros. Era apenas o primeiro, isto é, princeps, em autoridade.
A partir do ano 23 a.C. renunciou também ao consulado, guardando apenas a qualidade tribunícia, que lhe foi conferida em caráter vitalício (os tribunos eram encarregados de defender os direitos e interesses do povo junto ao Senado).
Conservadorismo e austeridade
Morto Lépido, tornou-se pontífice, mas a pedido do povo. Seu poder era, assim, fundado de certo modo no consentimento geral. Conservador e austero, fez um governo de ordem e hierarquia. Lutou contra a decadência dos costumes, reorganizou as forças armadas e a administração. Saneou igualmente as finanças do Estado.
Em matéria de política externa, foi menos feliz. Pacificou a Espanha e os Alpes, conseguiu a anexação da Galácia e da Judeia e conquistou, graças a Tibério, as terras austríacas do Danúbio, que formaram as províncias de Récia e Vindelícia. Mas sua campanha na Germânia fracassou. Tibério fora chamado a debelar uma insurreição na Ilíria e Varo foi aniquilado com três legiões na floresta de Teuberg.
Sua obra foi imensa, na paz como na guerra. Protetor das artes e das letras, administrador de gênio, adorado como deus pelo seu povo e pelos povos submetidos - que eram todo o mundo conhecido - deu a Roma sua idade de ouro. Tibério, filho de Lívia, sua terceira mulher, o sucedeu.