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Carlos 5º Imperador do Sacro Império Romano-Germânico

24 de fevereiro de 1500, Gante (Bélgica)

21 de setembro de 1558, Monastério de Yuste (Espanha)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

20/10/2008 23h36

Príncipe dos Países Baixos e rei da Espanha, Carlos 5º era filho de Filipe, o Belo, arquiduque da Áustria, e de Joana, a Louca, rainha de Castela.

Carlos 5º foi criado em Malines, na brilhante corte borgonhesa de sua tia, Margarida da Áustria, tendo como tutor o teólogo Adriano de Utrecht, que mais tarde seria o papa Adriano 6º. Apesar da influência católica, Carlos 5º também foi assíduo leitor de Erasmo de Roterdã. A religião desempenhou papel de destaque em sua vida, que seria dedicada à consolidação de seu império e à defesa do cristianismo.

Em 1515, Carlos atingiu a maioridade como duque de Borgonha e, em 1516, foi proclamado rei, em Bruxelas, como Carlos 1º de Aragão e Castela. Em 1519, graças a empréstimos que lhe permitiram subornar os eleitores, derrotou Francisco 1º e ocupou o trono do Sacro Império Romano-Germânico.

O Sacro Império Romano-Germânico era um aglomerado de Estados principescos, eclesiásticos ou leigos, cidades livres e minúsculas senhorias, ocupando território que hoje corresponde à Alemanha, Áustria, Países Baixos, parte da Bélgica e França. O título imperial era mais de prestígio do que de poder. Carlos 5º se propôs, então, a unificar todos os seus domínios, com o objetivo de instaurar uma monarquia universal católica. Para tanto, foi obrigado a combater a Reforma, o Islamismo e a França.

Em sua primeira viagem à Espanha (1517-1520), Carlos deparou com forte oposição, por cercar-se de conselheiros flamengos e desconhecer o espanhol. Logo após sua partida eclodiram revoltas em Castela, Valença e Mallorca, todas severamente reprimidas. Voltou à Espanha em 1522. Casou-se com Isabel de Portugal, em 1526, a quem confiou o reino durante suas ausências, cada vez mais freqüentes a partir de 1529.

Sua principal luta na Espanha foi a ação que desenvolveu contra os muçulmanos, iniciada em Valença com a conversão forçada dos mouros, em 1525, e prolongada até a África do norte. Em 1530, ocupou Tlemcen, em 1535 Túnis e, em 1541, bombardeou Argel. Mas os acontecimentos da Europa desviaram sua atenção do Mediterrâneo. Em 1543 deixou a Espanha por um período de 13 anos, entregando a regência ao filho, Filipe.

A Espanha foi o país que criou, depois, menos dificuldades a Carlos 5º. Após as primeiras sublevações, os espanhóis aceitaram sua dominação, principalmente por causa de seu casamento, da luta continuada contra os árabes e pelo respeito concedido às liberdades castelhanas e aos aragoneses.
 

A França e o papado

Uma das metas de Carlos 5º era recuperar os territórios borgonheses anexados por Luís 11º. Assim, entre 1521 e 1530, ocupou-se principalmente das relações com a França e com o papado.

Na Itália, o ducado de Milão era o centro da disputa franco-hispânica. Em 1521, Carlos 5º assinou um tratado com o papa Leão 10º para restaurar ali o comando da família Sforza, obtendo a adesão de Henrique 8º. Na batalha de Pavia, em 1525, Francisco 1º foi aprisionado e, pelo Tratado de Madrid (1526), prometeu ceder Milão, a Borgonha e seus direitos sobre Flandres e Artois. Uma vez liberado, contudo, o rei francês declarou sem valor suas promessas e conservou a Borgonha.

Logo em seguida, Francisco 1º uniu-se ao papa Clemente 7º e a vários príncipes italianos, e formou a Liga de Cognac para limitar o poder de Carlos 5º, ocupado em combater os mouros que tomaram Buda e Viena. Em 1527, tropas mercenárias a serviço do imperador saquearam Roma e prenderam o papa. Carlos 5º, fervoroso católico, não poderia admitir uma afronta ao sumo pontífice e o libertou.

Então, pelo Tratado de Cambrai, em 1529, Francisco 1º cedeu-lhe Nápoles e Milão em troca da Borgonha. O imperador reconciliou-se com Clemente 7º, que terminou por coroá-lo em Bolonha (1530).

Em 1535, Francisco 1º ocupou a Savóia e parte do Piemonte. Carlos 5º revidou, invadindo a Provença. A Trégua de Nice, em 1538, interrompeu as hostilidades, retomadas em 1542, quando Carlos 5º avançou até Epernay e obrigou seu rival a assinar a Paz de Crépy-en-Laonnois, cujas cláusulas não foram efetivadas.
 

Príncipes luteranos

Foi nos territórios germânicos que Carlos 5º encontrou os maiores obstáculos para a implantação de seu universalismo católico. Os privilégios locais limitavam sua autoridade, e a crescente popularidade da Reforma era uma ameaça constante.

Após sua coroação em Aachen, em 1520, cedeu o governo dos Estados hereditários dos Habsburgos a seu irmão Fernando. Na Dieta de Worms, Lutero foi condenado, mas nobres e camponeses continuavam a rebelar-se contra o poder estabelecido sob a bandeira do protestantismo.

Após a tentativa de conciliação da dieta de Augsburg, em 1530, os príncipes luteranos formaram a Liga de Schmalkalden (1531), que se tornou uma potência política apoiada em Francisco 1º, que por sua vez era garantido pelos turcos.

Após expulsar de Gelderland o duque de Clèves, em 1544, Carlos 5º derrotou a liga em Mühlberg (1547), mas em 1552 os príncipes alemães uniram-se a Henrique 2º da França e expulsaram o imperador de Innsbruck. Pela Paz de Augsburg (1555), Carlos 5º foi obrigado a conceder liberdade de culto aos protestantes e a permitir a secularização dos bens da Igreja. Henrique 2º ocupou os bispados de Metz, Toul e Verdun.

Inspirado nos ideais humanistas de Erasmo, Carlos 5º lutou pela reunificação da Europa e do cristianismo, mas nunca chegou a realizar seus objetivos, impedido tanto pela falta de coesão e diversidade territorial de suas possessões, quanto pelas suas próprias limitações.

Em setembro de 1556, renunciou à dignidade imperial em favor de seu irmão, Fernando, e retirou-se para o Monastério de Yuste.
 

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