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Daniel Defoe Escritor inglês

1660, Londres (Inglaterra)

24 de abril de 1731, Londres (Inglaterra)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

04/12/2008 15h16

Filho de dissenters ("dissidentes": nome que era dado aos protestantes não anglicanos), a quem as universidades eram vetadas, Defoe recebeu, apesar disso, boa educação. Pretendia seguir a carreira eclesiástica, mas acabou estabelecendo-se como comerciante.

Defoe empreendeu muitas viagens. Foi proprietário de uma mercearia, armador e fabricante de tijolos, tendo ido à falência em 1692 e em 1703. As dívidas que contraiu iriam atormentá-lo por toda a vida.

Começou a escrever panfletos políticos em 1683, passando a dedicar-se ao jornalismo. Como dissidente, contrário ao rei católico Jaime 2º, participou da malograda rebelião de Monmouth, em 1685.

Em 1710, Defoe publicou "O verdadeiro inglês", panfleto engraçado e vigoroso em defesa do regime parlamentar. No mesmo ano escreveu "A sucessão à coroa da Inglaterra, considerada", defendendo a tese de que o poder político emana do povo, a cujo serviço estão o rei e o parlamento. Baseando-se nessa mesma tese escreveu "Memorial da legião", em defesa de um grupo de whigs (membros do partido liberal, aliado aos dissidentes).

A questão religiosa, intimamente ligada à política, estava no seu auge quando Defoe escreveu o panfleto irônico "O caminho mais curto com os dissidentes", que levou à sua prisão e condenação ao pelourinho. Após sua libertação, em novembro de 1703, editou jornais ora para os whigs ora para os tories.

Como repórter escreveu, minuciosa e factualmente, o "Diário do ano da peste", "Viagem por toda a ilha da Grã-Bretanha" e "Relato verdadeiro da aparição da Sra. Veal". Nesses trabalhos, Defoe desenvolve seu agudo senso de observação, criando estilo próprio, de narrativa lenta e detalhada, atendo-se aos fatos que expõe de maneira lógica e coerente.

Robinson Crusoe e Moll Flandres

Entre 1704 e 1713 escreveu o periódico Review (Revista), a serviço da rainha. A partir de 1715 abandonou a política para dedicar-se à ficção.

Em 1719 publicou seu romance mais famoso, "A vida e estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoe de York, marinheiro". O livro alcançou logo enorme repercussão. Narra a história de um náufrago e sua luta pela sobrevivência numa ilha deserta. Robinson, como o próprio Defoe, é um produto típico da classe média inglesa, um espírito prático que acredita no comércio, na religião e no progresso.

"Robinson Crusoe" tem aspectos de manual sobre como sobreviver na selva, propondo soluções imaginosas para cada situação. Com os seus conhecimentos e a sua fé, o protagonista procura educar o selvagem Sexta-Feira. O tema do romance é abordado de forma realista - e a obra é ao mesmo tempo moralizante e picaresca. Robinson é um pícaro que, longe do mundo, procura recriar a sociedade.

Esse livro de Defoe é um dos mais lidos romances de aventura da literatura universal, sendo imitado em todas as línguas.

Outra importante obra de Defoe é "Venturas e desventuras da famosa Moll Flandres", romance realista, inspirado no romance picaresco espanhol. Nele, Defoe recria o mundo pitoresco dos aventureiros e prostitutas do início do século 18.

Durante mais de dois séculos o nome de Defoe esteve ligado somente a "Robinson Crusoe". Nos últimos anos, "Moll Flandres" voltou à popularidade. Os dois romances devem muito de seu sucesso à maestria com que Defoe cria seus heróis, narrando as histórias na primeira pessoa com uma riqueza de detalhes que as torna extraordinariamente verossímeis.

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