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Décio Pignatari Poeta brasileiro

20/8/1927, Jundiaí, SP

2/12/2012, São Paulo, SP

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

21/12/2012 09h14

"Como todo poeta, comecei jovenzinho, 14 anos, no ginásio em São Paulo vi a menininha, criei os primeiros versinhos. Incentivado pelo professor, apaixonei-me pelos versos de Castro Alves, paixão que mais tarde passou para Olavo Bilac e Vicente de Carvalho até descobrir a poesia concreta". Assim, Décio Pignatari definia seus primeiros tempos na poesia.

Mas o futuro poeta foi muito além desse entusiasmo juvenil e acabou por se transformar num dos nomes mais importantes da poesia concreta. Nascido em 1927 na cidade de Jundiaí, viveu em Osasco até a adolescência e publicou seus primeiros poemas na Revista Brasileira de Poesia em 1949. No ano seguinte, publicou “Carrossel”, seu livro de poemas de estreia.

Cedo começou a se interessar pelas possibilidades que o movimento da palavra podia proporcionar e tal interesse logo o conduziu a experimentar novos caminhos para a poesia. Ao lado dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, criou em 1952 o grupo Noigandres, núcleo que seria o embrião para o lançamento do que se convencionou chamar de “poesia concreta”. Na verdade, essas criações faziam parte de um movimento vanguardista, denominado Concretismo, que surgiu em 1953 envolvendo as expressões artísticas que se davam tanto na música, como na poesia e nas artes plásticas.

O grupo Noigandres lança oficialmente o movimento de poesia concreta na Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A essa altura, Pignatari já estava formado em Direito pela Universidade de São Paulo e tinha iniciado uma bem-sucedida carreira como publicitário. Suas experimentações literárias nunca foram, no entanto, postas de lado.

Personalidade eclética

Espírito inquieto e criativo, o poeta circulou com desenvoltura também por outras áreas. Foi tradutor, ensaísta, dramaturgo, crítico e professor. Como tradutor, realizou importantes trabalhos ao se ocupar com a tradução de textos de Marshall McLuhan, Dante Alighieri, Goethe e Shakespeare, entre outros.

Teórico da comunicação, ajudou a fundar a Associação Brasileira de Semiótica nos anos 1970 e foi professor, entre outras, na Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro, na Escola de Jornalismo da Universidade de Brasília, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Como ensaísta, podem ser destacados de sua lavra os títulos “Semiótica e Literatura”, “Informação, Linguagem e Comunicação” e “Contracomunicação”. Para o teatro, escreveu “Céu de Lona”, peça sobre a vida e a obra de Machado de Assis. Já a antologia “Poesia Pois É Poesia” reúne 50 anos da obra poética de Décio Pignatari e permite visualizar um panorama de todas as facetas de seu estilo.

O último verso

Em 2009, lança “Bili com o limão verde na mão”, outra obra inovadora, rica em situações nonsense, personagens singulares e que relata uma experiência de crescimento. Mais uma vez, usando uma linguagem experimental e apoiado por um projeto gráfico ousado, o poeta navega pelos mares do concretismo, movimento do qual sempre foi um dos expoentes.

Bili acabou sendo o último livro publicado pelo autor, que morreu em São Paulo, no Hospital Universitário da USP, em decorrência de pneumonia e insuficiência respiratória. Era um domingo, 2 de dezembro de 2012 e o poeta estava com 85 anos.