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Dercy Gonçalves Atriz

23/06/1907, Santa Maria Madalena (RJ)

19/07/2008, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

20/07/2008 19h05

Há dúvidas quanto ao ano exato do nascimento da atriz Dercy Gonçalves. Seu registro de nascimento indica o ano de 1907, mas a atriz declarou que a certidão fora feita com dois anos de atraso. Seu nome de batismo era Dolores Costa Gonçalves. Adotou o nome artístico de Dercy Gonçalves em 1927, ao iniciar uma carreira como cantora.

Por dois anos, cantou em circos, cabarés e prostíbulos, mas, insatisfeita com o que ganhava, resolveu tentar a sorte como atriz, ajudada por seu talento intuitivo para a comédia. Estreou nos palcos na cidade de Leopoldina (MG), na Companhia Maria Castro, fazendo parceria com Eugênio Pascal, na dupla Os Pascoalinos.

Dercy tornou-se conhecida ao longo das décadas de 1930 e 40, no teatro de revista, gênero de grande sucesso no Brasil de então. Dercy não representava propriamente um personagem. Os personagens se adaptavam ao tipo da atriz, que se destacava principalmente pelos improvisos. O deboche e o palavrão, que arrancavam gargalhadas do público, eram a característica marcante de seu repertório.

A atriz levou o deboche para o cinema onde estreou em 1943, com o filme "Samba em Berlim", dirigido por Luiz de Barros. Fez mais de 30 filmes, a grande maioria no gênero chanchada, entre os quais podem-se destacar "Folias Cariocas" (1948), "Depois Eu Conto" (1956), "A Baronesa Transviada", (1957), "Minervina Vem Aí" (1960) e "Cala a Boca, Etelvina" (1960). Vale registrar sua última participação cinematográfica, em "Nossa Vida não Cabe num Opala" (2008), dirigido por Reinaldo Pinheiro.

Com grande senso de oportunidade, Dercy levou seu humor para a televisão, quando o veículo começava a se impor como um dos principais meios de comunicação na sociedade brasileira. Estreou na TV Excelsior, em 1957.

Na Globo, no final da década de 1960, trabalhou em programas humorísticos escritos especialmente para ela, como "Dercy Comédias", "Dercy Espetacular" e "Dercy de Verdade". O estilo de Dercy, porém, não se adaptou aos tempos de censura vigentes durante o regime militar e viu seu programa ser retirado do ar.

Retornou à TV nos anos 1980, desempenhando seus papéis típicos em shows de humorismo e participando de programas de jurados. A partir de então, faria participações em outros espetáculos televisivos, destacando-se pelo humor sempre debochado e pela vitalidade que exibia já octogenária e nonagenária.

Registre-se que, em 1991, Dercy desfilou no carnaval do Rio de Janeiro, pelo Grêmio Recreativo e Escola de Samba Unidos do Viradouro, que a homenageava com o enredo "Bravo, Bravíssimo - Dercy, o Retrato de um Povo".

Uma grande festa comemorou o centenário de Dercy em 2007. Houve comemorações também em 2008, pois Dercy continuava bem de saúde, apesar do avanço da idade. Na verdade, Dercy Gonçalves permanecia bem até poucos momentos antes da morte. Segundo a filha, a atriz teria ido a um bingo na noite de 18 de julho e voltou para casa reclamando de dores no peito.

Como os remédios não fizessem efeito, a filha decidiu levá-la para o hospital, aonde chegaram às 4h30 do dia 19. Os médicos diagnosticaram uma pneumonia, que avançou para um quadro de insuficiência respiratória e acabou causando óbito às 16h45. O corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, com manifestações de carinho do público e com as homenagens a atriz que fez jus como um patrimônio do teatro brasileiro.