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Elias Canetti Escritor búlgaro, naturalizado britânico

25/07/1905, Ruse, Bulgária

14/08/1994, Zurique, Suíça

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

10/08/2005 14h01

Texto alterado em 21/10/10

Você já ouviu falar no Bibliófago, na Fatigada ou no Machômano? Conhece o Goza-Males, a Tentada, o Sapo-Esteta? Parecem personagens saídos dos quadrinhos, mas na verdade saíram da cabeça do escritor Elias Canetti e estão no livro "O Todo-ouvidos". Canetti foi autor de obras primas como "Massa e Poder" e "Auto-de-fé", tendo recebido o prêmio Nobel em 1981.

A propósito, o Bibliófago é aquele que devora os livros, a Fatigada trabalha demais e o Machômano já dava chutes na barriga da mãe. Quanto ao Goza-Males, adora uma desgraça, a Tentada é perseguida pelos homens e o Sapo-esteta é um grande apreciador da beleza.

Elias Canetti nasceu numa pequena comunidade na Bulgária. Sua família era de judeus sefardins e sua língua materna era o ladino, um dialeto arcaico do espanhol. Em 1911 mudou-se com a família para Manchester, na Inglaterra, recebendo as primeiras lições em inglês.

Em 1912 morreu seu pai. No ano seguinte mudou-se com sua mãe para Viena, na Áustria, com seus três irmãos. De sua mãe recebeu lições de alemão. Canetti foi em 1916 para a Suíça, onde ficou até 1921. De lá, mudou-se para Frankfurt e depois para a Áustria. Em 1929 graduou-se em Química pela Universidade de Viena.

No começo dos anos 30, traduziu a obra do escritor americano Upton Sinclair para o alemão. Começou a carreira literária escrevendo romances e peças de teatro. Em 1932 publicou "O Casamento" e, em 1934, "Comédia da Vaidade".

Um acontecimento na Áustria teve repercussões importantes para sua obra posterior: viu-se preso no meio de uma multidão de manifestantes que queimaram o Palácio da Justiça. O episódio esteve na gênese de seu mais famoso ensaio, "Massa e Poder", sobre a psicopatologia das massas..

Em 1935 publicou sua obra prima, o vigoroso romance "Auto-de-fé". Adotou a língua alemã como sua língua literária. A obra não despertou muito interesse até 1960, quando foi reeditada. Fugindo da perseguição nazista aos judeus, viajou para Paris em 1938 e, no ano seguinte, emigrou para a Inglaterra, onde passou a viver a maior parte do tempo. Trabalhava como escritor "free-lancer" e, em 1952, conseguiu cidadania britânica.

Em 1943, havia se casado com Veza Taubner-Caledrón, de quem ficaria viúvo 20 anos depois.

Após a publicação de "Massa e Poder", em 1960, Canetti obteve reconhecimento e um grande número de leitores. Várias obras se sucederam, entre elas "Sketches", de 1963, "Vozes de Marrakesh", de 1967, e "O outro Processo - Cartas a Felice", de 1969, em que Canetti examinou aspectos da obra e da personalidade literária de Franz Kafka.

Em 1971, Elias Canetti casou-se com Hera Buschor, com quem teve uma filha. O livro "O Todo-ouvidos" foi lançado em 1974 e, dois anos depois, Canetti publicou textos de crítica literária num volume intitulado "A Consciência das Palavras".

Configurando um dos pontos mais altos de sua carreira literária, Canetti reviveu sua infância e juventude numa obra em dois volumes: "A Língua Absolvida", de 1977, e "Uma Luz em Meu Ouvido", de 1980. Nestes livros, usou o poder de evocação da memória para criar amplos painéis de reconstituição primorosa da história e da sociedade na qual viveu.

Apesar de já ter recebido ao longo de sua vida vários prêmios e distinções por sua obra literária, em 1981 Canetti foi distinguido com o Prêmio Nobel de Literatura, que lhe deu reconhecimento mundial. A partir desta época, passou a viver recluso, mas publicou ainda "O Jogo dos Olhos", em 1985, "O Coração Secreto do Relógio", em 1987, e "O Sofrimento das Moscas", em 1992.

Errata: Elias Canetti recebeu o Nobel de Literatura em 1981.