Ésquilo Dramaturgo grego
525 a.C., Elêusis (Grécia)
428 a.C., Gela (Sicília)
Ésquilo nasceu em Elêusis, perto de Atenas, e morreu em Gela, na Sicília. Viveu, aproximadamente, entre os anos 525 a.C. e 456 a.C. Sua família pertencia à antiga nobreza ateniense. A tradição afirma que Ésquilo lutou contra os invasores persas em Maratona e Salamina.
Ésquilo escreveu mais de 90 tragédias, das quais apenas 7 chegaram completas aos nossos dias. Pouco depois da morte do dramaturgo, os atenienses decretaram que suas peças fossem representadas com financiamento do Estado. O túmulo de Ésquilo tornou-se lugar de peregrinação e, em meados do século 4 a.C., sua estátua foi colocada no teatro de Dioniso, em Atenas.
Segundo Aristóteles, Ésquilo foi o criador da tragédia grega. Graças à introdução de um segundo ator, ele tornou possível o diálogo e a ação dramática. A própria seqüência de suas peças evidencia um rápido progresso na técnica dramática.
Temas principais
Ésquilo tratou, freqüentemente, de temas sobre-humanos e terrificantes, geralmente da mitologia - utilizava uma linguagem sonora, com metáforas ousadas. As passagens líricas de suas peças, que desempenham um papel importante em sua obra, são o que de melhor se produziu na dramaturgia da Antiguidade greco-romana. Na verdade, a filosofia religiosa de Ésquilo oscila entre o terror cósmico e a consciência ética - e dessa ambigüidade nasce a sua força lírica.
Entre as idéias fundamentais das tragédias de Ésquilo estão a da fatalidade, agindo através da vontade divina e da paixão humana; as taras hereditárias desencadeadas pelo pecado e as maldições que as acompanham; o ciúme dos deuses, provocado pela glória humana excessiva; a intervenção dos deuses em favor dos que lhes são devotados; e a inferioridade da força ante o espírito.
Ésquilo reinterpretou os mitos gregos para sancionar a nova ordem social que surgia - a ordem da pólis, a cidade-estado grega, ou seja, a cidade enquanto expressão de uma cultura elaborada. Através de seus personagens, ele trata dos destinos coletivos, mas valoriza o indivíduo.
Homens, deuses e o Estado
Exatamente por essas razões, Ésquilo transformou seu personagem Prometeu - uma das mais poderosas figuras das lendas gregas - no símbolo da condição humana. Prometeu aspira ao conhecimento e à liberdade. A tragédia Prometeu acorrentado é, entre as peças de Ésquilo, a mais difícil quanto à interpretação, porque não se sabe se o dramaturgo quis exaltar ou denunciar a onipotência de Zeus.
Em Oréstia, a única trilogia de Ésquilo que chegou completa até nós, há, simultaneamente, tragédia familiar, política e religiosa. A primeira peça, Agamenon, conta o assassinato do herói grego por sua esposa, Clitemnestra, e pelo amante desta, Egisto. Em As Coéforas, Orestes, filho de Clitemnestra e Agamenon, vinga o pai, matando os dois criminosos. Na terceira parte, Eumênides, Orestes, atormentado pelas Fúrias, é julgado e absolvido pelo areópago, o grande tribunal de Atenas. As Fúrias, então, são transformadas em divindades benéficas, as Eumênides, graças à intervenção da deusa Atena.
O julgamento de Orestes representa a vitória da lei da pólis sobre a lei bárbara da vingança, que leva ao crime e à loucura. Só ao Estado compete julgar e punir. A intervenção da deusa é a sanção religiosa do novo direito.
Quintiliano, um eminente professor de retórica da Roma antiga, elogiava a sublimidade, a elevação de idéias e a eloqüência de Ésquilo, mas o considerava às vezes inábil e sem harmonia.