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Fernando Antônio Nogueira Pessoa Escritor português

13-6-1888, Lisboa

30-11-1935, Lisboa

Do Klick Educação

17/08/2015 20h58

Seu pai, de ascendência judia, foi crítico musical do Diário de Notícias e faleceu em 1893. Sua mãe, de família açoriana, casou dois anos depois com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Nesta cidade sul-africana, Fernando Pessoa fez os estudos primários e secundários e freqüentou uma escola comercial. Em agosto de 1905, regressou a Lisboa, matriculando-se no Curso Superior de Letras, que freqüentou pouco tempo. Após uma fracassada tentativa no campo dos negócios, passou, em 1908, a assegurar sua subsistência fazendo correspondência estrangeira, sobretudo inglesa, para casas comerciais. Viveu num círculo muito restrito, fechado ao amor (namorou em 1920 uma datilógrafa) e sem ambições (recusou o convite para ensinar Língua e Literatura Inglesas na Universidade de Coimbra e deixou inédita a quase totalidade de sua gigantesca obra literária). Levou uma existência apagada, buscando a evasão na multiplicidade de suas criações literárias e no abuso do álcool, que lhe causou a cirrose hepática que o vitimou. De 1903 a 1909, compôs poemas em inglês e, em dezembro de 1904, fez sua estréia literária com um ensaio sobre Macauly, publicado na revista da Durban High School. Em 1912, iniciou sua colaboração na revista A Águia, órgão do saudosismo de Teixeira de Pascoaes. É de 1913 seu primeiro poema em português, intitulado "Pauis", que marca o início do modernismo nas letras portuguesas; em 1914, concebeu os heterônimos, sendo os principais Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em abril de 1915, com Mário de Sá-Carneiro e Luís de Montalvor, lançou a revista Orpheu (da qual só foram editados dois números), que fez vingar o modernismo. Colaborou nas revistas Portugal Futurista (1917), Contemporânea (1922-1926), que dirigiu com José Pacheco, e Atena (1924-1925), de que foi diretor com Rui Vaz. Para concorrer ao Prêmio Antero de Quental, de um órgão oficial, publicou seu único livro de poemas em português, a que deu o nome Mensagem (1934): obteve o prêmio, mas na categoria B, porque o livro não atingiu o número de páginas requerido para a categoria A. Os escritos em prosa constam de ensaios estéticos e literários, textos filosóficos, páginas íntimas e cartas, salientando-se O Livro do Desassossego, atribuído ao semi-heterônimo Bernardo Soares. Sua obra poética, na maioria publicada postumamente, caracteriza-se por um absoluto predomínio da inteligência sobre a atrofia da vontade e do sentimento, inteligência que, para melhor exprimir a sua atitude perante a vida, recorreu à multiplicidade dos heterônimos, sendo estes, de fato, não as múltiplas facetas de um poeta dotado de uma compreensão englobante, mas a expressão de uma totalidade fragmentada sob a roupagem de múltiplos estilos personificados. Figura importantíssima do modernismo literário, ninguém como ele influenciou as gerações posteriores de poetas tanto em Portugal como no Brasil, ao mesmo tempo em que sua obra se afirmava progressivamente como uma das mais importantes da literatura do século XX.