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Fernão de Magalhães Navegador português

3/02/1480, Sabrosa, Portugal

27/04/ 1521, Mactan, Filipinas

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

25/10/2005 11h20

As Grandes Navegações dos séculos 15 e 16 receberam esse nome pela extensão de suas rotas e pela importância que tiveram ao dar uma dimensão "global" ao comércio entre os povos. Por isso foram denominadas Grandes. Chega a espantar que o primeiro passo na direção do comércio em escala mundial - um dos aspectos da globalização atual - tenha sido dado há mais de 600 anos.

Os autores dessa proeza foram principalmente os portugueses e, entre seus maiores exploradores, está Fernão de Magalhães. Ele circunavegou o planeta, isto é, deu a volta completa e cruzou o Oceano Pacífico, em sua busca por uma rota para o Oriente, mais exatamente para as ilhas Molucas.

Nascido em família nobre, Magalhães era inquieto por natureza: queria ver o mundo e explorá-lo. Em 1506 ele viajou para as Índias Ocidentais, participando de várias expedições militares nas Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiarias.

Pimenta-do-reino, canela, cravo, noz-moscada: essas eram as especiarias, cobiçadas em toda a Europa depois que os árabes as levaram para lá. Vendidas com grande lucro, eram usadas para temperar e conservar os alimentos, mas também para perfumar o ambiente e as ruas que, na época, eram bem malcheirosos.

Fernão Magalhães começou a insistir para o rei Manuel lhe dar tarefas mais emocionantes e bem pagas, como encontrar o caminho para as Molucas indo pelo Oeste, em vez de fazer o trajeto tradicional, na direção Leste: era mais rápido, dizia. O monarca não comprou essa idéia. Isso fez Magalhães renunciar à nacionalidade portuguesa e oferecer seus serviços a Carlos, rei da Espanha.

Esse soberano, depois conhecido como imperador Carlos V, tinha sonhos de grandeza e decidiu patrocinar a viagem de Magalhães. Encontrar um caminho mais rápido para as Índias faria a Espanha passar à frente de Portugal e de todos os outros países na corrida das navegações.

Segundo os cálculos de Magalhães e dos irmãos Faleiro, cartógrafos portugueses, as Molucas encontravam-se na metade do mundo que, pelo Tratado de Tordesilhas, cabia à coroa espanhola. Eles acreditavam que ao sul do Brasil havia uma passagem, do oceano Atlântico para os mares do Sul.

Em setembro de 1519 a grande viagem começou, partindo com cinco navios e cerca de 270 tripulantes. A frota chegaria à América do Sul, explorando a região do rio da Prata no ano seguinte. Motins e doenças retiveram Magalhães ali por seis meses, no porto de San Julian, hoje território argentino.

Resolvidos os problemas, o capitão rumou para a passagem situada no extremo sul do continente, entre o Atlântico e o Pacífico. Foram 38 dias de mar bravo e muitos perigos, além das revoltas dos comandantes dos outros quatro navios. Depois disso, essa passagem (uma das mais perigosas até hoje na navegação) foi chamada de Estreito de Magalhães.

Na verdade, o navegador não tinha idéia da distância a cobrir: os irmãos Faleiro haviam errado ao calcular a extensão do imenso oceano Pacífico - pensavam que as Molucas seriam atingidas logo após passarem o Estreito. Ficaram 98 dias sem ver terra. Faltou comida e água, todos ficaram muito doentes e 19 homens morreram, mas eram os primeiros europeus a navegar pelo Pacífico.

Em março de 1521 chegaram à ilha de Guam, seguindo depois para as Filipinas. Um mês depois, Magalhães foi morto num combate entre grupos rivais na ilha filipina de Mactan. Restavam apenas 110 dos homens que embarcaram na Espanha. Abandonaram um dos navios e Sebastião Elcano (ou del Cano) assumiu o comando da expedição. Chegaram às Molucas em novembro.

Carregaram os navios com especiarias e começaram a viagem de volta. Em 6 de setembro de 1522, três anos depois da partida, apenas um navio chegou ao porto espanhol de Sevilha. Mesmo assim, sua carga de especiarias pagou todas as despesas da expedição e ainda deu lucro.

Dos homens que embarcaram três anos antes, retornaram apenas 18. Um deles era o italiano Antonio Pigafetta, que registrou toda a viagem em seu diário: "A fama de Magalhães será eterna", ele escreveu, no dia da chegada. Estava provado que a Terra era redonda.