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Frei Galvão Primeiro brasileiro nato canonizado

Data incerta, 1739, Guaratinguetá (SP)

23/12/1822, São Paulo (SP)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

04/05/2007 19h03

Beatificado no dia 8 de abril de 1997, em Roma, pelo Papa João Paulo 2º., frei Galvão foi canonizado no dia 11 de maio de 2007, em São Paulo, por ocasião da visita do papa Bento 16 ao Brasil. Sua festa litúrgica será comemorada no dia 25 de outubro. O Mosteiro da Luz será o principal templo a ele consagrado.

Antônio de Sant'Ana Galvão era o quarto de 10 filhos de uma família com prestígio social e influência política. Viveu em uma casa grande e rica. Seu pai, o comerciante português Antônio Galvão de França, era capitão-mor de Guaratinguetá. Sua mãe, Isabel Leite de Barros, era filha de fazendeiros e bisneta do bandeirante Fernão Dias Pais, o "Caçador de Esmeraldas".

Aos 13 anos de idade, Antônio foi para o Colégio de Belém, dos padres jesuítas, na Bahia, onde já se encontrava seu irmão José. Lá permaneceu de 1752 a 1756. Queria tornar-se jesuíta, mas por causa da perseguição movida contra a Ordem pelo Marquês de Pombal, seu pai o aconselhou a tornar-se franciscano.

Aos 21 anos, entrou para o noviciado na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro. A 16 de abril de 1761, fez seus votos solenes. Um ano depois foi admitido à ordenação sacerdotal. Distinguindo-se por sua piedade e virtudes, foi mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo, a fim de aperfeiçoar os seus estudos de filosofia e teologia, e exercitar-se no apostolado. Data dessa época a sua "entrega a Maria", como seu "filho e escravo perpétuo", consagração mariana assinada com seu próprio sangue a 9 de novembro de 1766.

Terminados os estudos, foi nomeado pregador, confessor dos leigos e porteiro do convento. Estimado e procurado, muitas vezes ia a pé aos lugares mais distantes para dar conforto espiritual a quem necessitava. Entre 1769 e 1770 foi designado confessor de um recolhimento de mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa", em São Paulo.

Foi lá que encontrou a irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo recolhimento. Frei Galvão considerou válidas essas visões e no dia 2 de fevereiro de 1774 fundou-o efetivamente.

Um ano após a fundação, madre Helena morreu e frei Galvão tornou-se o único sustentáculo das recolhidas. Entretanto o novo capitão-general de São Paulo ordenou o fechamento do local para opor-se ao seu predecessor. Depois de um mês, graças à pressão do povo e do bispo, o recolhimento foi reaberto.

Para aumentá-lo, durante 14 anos, frei Galvão cuidou da nova construção (1774-1788) e, durante os 14 seguintes, da construção da igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802. O frade foi arquiteto, mestre de obras e até mesmo pedreiro.

A obra, hoje o Mosteiro da Luz, foi declarada "Patrimônio Cultural da Humanidade" pela Unesco. Para as recolhidas, frei Galvão escreveu um estatuto, um guia de vida interior e de disciplina religiosa, que se tornou o seu principal escrito.

Considerado santo já em vida, em várias ocasiões sua ordem religiosa pediu que se mudasse para outro lugar, mas tanto o povo e as recolhidas, como o bispo, e mesmo a Câmara Municipal de São Paulo, intervieram para que ele não saísse da cidade.

Frei Galvão viajava constantemente pela capitania de São Paulo, pregando e atendendo as pessoas. Fazia esses trajetos sempre a pé, não usava cavalos nem a "cadeirinha" levada por escravos, habitual naquele tempo. Por onde passava as multidões acorriam. Ele era alto e forte, de trato muito amável, recebendo a todos com grande caridade.

Homem de muita oração, a ele se atribuem certos fenômenos místicos, como os êxtases, a levitação e os casos de bilocação: aparecer em dois lugares ao mesmo tempo.

Era também procurado para a cura, e numa dessas ocasiões, escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do ofício de Nossa Senhora, que poderia se traduzida assim: "Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercede por nós!". Enrolou o papel em forma de pílula e o deu a um jovem que estava sofrendo com cólicas renais. Imediatamente cessaram as dores e ele expeliu o cálculo.

Logo depois, um homem pediu orações e um "remédio" para a mulher que estava em trabalho de parto. Frei Galvão fez novamente uma pilulazinha, e a criança nasceu rapidamente. A partir de então, o frade ensinou as irmãs do recolhimento a confeccionar as pílulas e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje.

Em 1811, a pedido do bispo de São Paulo, frei Galvão fundou o recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, SP. Após a sua morte, outros mosteiros foram fundados por essas duas comunidades, seguindo assim, a orientação deixada pelo beato.

Morreu em 23 de dezembro de 1822 e, a pedido do povo e das irmãs, foi sepultado na igreja do recolhimento da Luz, que ele mesmo construiu. Seu túmulo é lugar de contínuas peregrinações.

O papa Bento 16 reconheceu em 16 de dezembro de 2006 o segundo milagre do frei franciscano. Com isso, ele será o primeiro brasileiro nato a ser declarado santo pelo Vaticano. A canonização acontece em 11 de maio de 2007 durante missa campal que o papa Bento 16 celebra em São Paulo, durante sua visita ao Brasil.

Comemoração: 25 de outubro