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Gastão de Orleans, Conde d'Eu Membro da família real brasileira

28/04/1842, Neuilly, França

28/08/l922, Navio Massilia, Oceano Atlântico

Da Página 3 - Pedagogia & Comunicação

31/07/2005 08h04

Dona Isabel foi a última princesa do Império do Brasil antes que fosse proclamada a República em 1889. Célebre por ser a herdeira direta do trono de seu pai, D. Pedro II, foi na condição de regente que praticou um de seus maiores atos ao assinar a lei Áurea e abolir a escravatura. Entre seus títulos honoríficos, detinha também o de Condessa d’Eu, graças a seu casamento com um neto do rei da França.

Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, foi o consorte da princesa Isabel e se tornou um personagem importante para a história brasileira. Nasceu em 1842 num subúrbio de Paris chamado Neuilly-sur-Seine e obteve o título de conde ao nascer, concedido por seu avô, o rei Luis Felipe.

O conde recebeu uma educação esmerada, falava várias línguas, entre elas o português, e estudou na Escola Militar de Segóvia, na Espanha. Seguiu carreira militar chegando a se engajar nas forças espanholas que lutaram na Guerra do Marrocos. Ao fim do conflito, voltou para a Espanha desfrutando de boa reputação por seus feitos.

Era também sobrinho do rei Fernando II de Portugal e foi por intermédio do tio que recebeu a proposta para se casar com uma das filhas do Imperador Pedro II, do Brasil. Não eram incomuns esses matrimônios “arranjados” entre os membros da realeza e Gastão de Orléans aceitou o convite, porém, com uma condição: queria conhecer a princesa antes de oficializar o noivado.

Assim, em 2 de setembro de 1864, o conde desembarcava no porto do Rio de Janeiro para conhecer sua futura esposa. Junto com ele estava seu primo, o príncipe Augusto de Saxe, que também aceitara desposar a outra filha de D. Pedro. Um fato curioso dessa combinação é que pelo plano inicial os pares estavam trocados. Isto é, Dona Isabel que viria a se casar com o Conde d’Eu estava inicialmente destinada ao primo do conde, assim como a irmã da Princesa Isabel, a Princesa Leopoldina, deveria desposar o conde.

Ao conhecer os pretendentes, as duas irmãs logo perceberam que o acordo precisaria ser retificado para atender as simpatias recíprocas. O fato foi comunicado e prontamente aceito por D. Pedro, que não queria ver as filhas casadas apenas por conveniência política. Feito o novo arranjo, o Conde d’Eu casa-se com a Princesa Isabel em 15 de outubro de 1864 e o casal parte em viagem de núpcias para a Europa. Mas essa viagem logo seria interrompida.

Um ditador põe fim à lua-de-mel

De fato, em novembro daquele mesmo ano, Francisco Solano López, o ditador do Paraguai, aprisionou no porto de Assunção o navio brasileiro Marquês de Olinda e, em seguida, atacou Dourados, na então província de Mato Grosso. A intenção de Solano López era expansionista e essas atitudes hostis obrigaram o império a deflagrar aquele que seria um dos conflitos mais sangrentos da América do Sul, a chamada Guerra do Paraguai. Nela estiveram envolvidos também a Argentina e o Uruguai.

Foi da cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que partiu uma carta de D. Pedro para o casal em lua-de-mel, nela, o imperador solicitava que o conde retornasse para se juntar a ele e ao Exército brasileiro.

Gastão de Orléans voltou imediatamente, mas teve que se manter a distância do conflito. O Conselho de estado avaliou que não era boa estratégia a presença de um príncipe no palco da guerra. Mas pesava contra o conde também injustas prevenções do povo que via nele apenas o consorte estrangeiro da futura imperatriz do Brasil.

Foi somente depois de muitas vitórias brasileiras nas batalhas e após o comandante supremo do Exército Brasileiro, o duque de Caxias, demitir-se do comando que o Conde d’Eu pode assumir o posto para conduzir as últimas operações da guerra. Conflito que chegaria a seu fim em março de 1870. Ao retornar ao Brasil, o conde é recebido como herói.

As ações de Gastão de Orléans não apenas na Guerra do Paraguai como em supostas ingerências nas ações do governo brasileiro já foram muito criticadas por pesquisadores, mas há também outras visões que discordam do que já foi dito a respeito dessa figura histórica.

 

O fim do império

 

A família real ainda não sabia, mas a essa altura poucos anos restavam para a sobrevivência do regime imperial no Brasil, pois vários acontecimentos estavam contribuindo para o agravamento das dissensões políticas que culminariam com o advento da República.

Entre eles, estava a própria Guerra do Paraguai, que despertou nos militares um vivo sentimento nacionalista incitando-os a maior participação na vida política e a aspirar por um governo republicano. Outro fator desestabilizante foi a abolição da escravatura, responsável por escassear a mão-de-obra e incomodar os barões do café. Aliás, não foram só eles que se incomodaram, pois a exploração dos escravos estava disseminada pelo país inteiro não só para utilização nos meios produtivos como para a execução dos serviços domésticos nos lares das famílias.

O cenário, portanto, estava pronto para a queda do império; a instauração da República se deu quase como uma consequência natural dos acontecimentos em curso, sem que houvesse grande resistência por parte de D. Pedro. E, assim, o exílio bateu às portas da família imperial.

Para o príncipe Gastão de Órleans, bem como para toda a família imperial, o exílio durou mais de trinta anos e só terminou com a revogação da lei do banimento em 1920. Em 1922, quando, vinha ao Brasil a convite do governo para as comemorações do centenário da independência, teve um mal súbito e morreu a bordo do navio Massília. O conde estava com 80 anos de idade e seus restos mortais estão, hoje, depositados no Mausoléu Imperial na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro.

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