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Graciliano Ramos Escritor brasileiro

27-10-1892, Quebrangulo (AL)

20-3-1953, Rio de Janeiro (RJ)

Do Klick Educação

17/08/2015 20h58

Utilizando-se de uma linguagem seca, cortante e precisa, acentuada pelo pessimismo e por uma visão opaca do mundo, Graciliano Ramos fez de seus livros uma profunda análise da condição humana, revelando o que há de mais recôndito no homem. Sua fonte de inspiração: o sertão, o cangaço, a caatinga, a seca, o misticismo, o código primitivo de honra, a infância marcada pelo autoritarismo do pai, o funcionário público, a oligarquia política e o vagabundo. Apresenta ao leitor personagens marcados pela tragédia, como em Angústia, considerada sua obra capital, em que o tímido e solitário Luís da Silva, ao perder a mulher por quem se apaixonara para um outro mais ousado e rico, estrangula o rival e, após atravessar uma longa doença, conta a própria história. E Paulo Honório, em São Bernardo, que casa com uma mulher pura, mas, habituado à brutalidade e ao poder, leva-a ao suicídio e procura equilibrar-se ao escrever a narrativa da vida conjugal. Natural de Quebrângulo, em Alagoas, e primogênito de um casal de sertanejos que teve 16 filhos, passou a infância acompanhando a família em sucessivas mudanças para Buíque (PE) e Viçosa (AL). O ambiente familiar era rude: "Vivíamos numa prisão, mal adivinhando o que havia na rua", disse. Tornou-se um homem impenetrável, carrancudo, taciturno, que vivia para se resguardar. Sem curso universitário, estabeleceu-se em Palmeira dos Índios (1910), trabalhando como comerciante na loja de tecidos do pai e jornalista local. Na cidade, foi eleito prefeito (1928-1930). O primeiro romance, Caetés, foi publicado em 1933. Em seguida vieram São Bernardo (1934) e Vidas Secas (1938). Desta última foi feita uma versão cinematográfica de Nelson Pereira dos Santos (1964). Vivendo em Maceió, de 1930 a 1936, foi nomeado diretor da Imprensa Oficial e Instrução Pública de Alagoas. Ficou preso como subversivo de 1936 a 1937. Seu livro Memórias do Cárcere (1953, edição póstuma) é depoimento desse episódio. Após ser libertado, fixou residência no Rio de Janeiro, onde se filiou ao Partido Comunista (1945). Publicou ainda Infância (1945), Insônia (1947), Viagem (1953, edição póstuma), entre outras.