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Guillaume Apollinaire Poeta francês

26 de agosto de 1880, Roma (Itália)<p>9 de novembro de 1918, Paris (França)

Lílian Campos*<p>Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

20/10/2008 15h24

Em 25 de agosto de 1880 nasce em Roma Guglielmo Alberto Wladimiro Alessandro Apollinare de Kostrowitzky, filho de mãe polonesa e de pai desconhecido. Até seus sete anos vive na Itália, onde aprende a ler e a escrever em italiano, além de falar o polonês.

Em 1887, a família Kostrowitzky muda-se para Mônaco. Do ano seguinte até 1895, Apollinaire e seu meio-irmão de cinco anos, Alberto Eugenio Giovanni, seguem seus estudos no colégio Saint-Charles de Mônaco. É nesse ambiente que Apollinaire começará seus primeiros escritos, firmando-os no Lycée de Nice, durante um breve período em que aí esteve matriculado.

Em 1897, depois de ser reprovado no baccalauréat (exame que os estudantes franceses devem prestar, ao final do ensino médio, para ingressar no ensino superior), ele decide se dedicar intensamente à leitura, frequentando a biblioteca de Nice, quando é inspirado pelo desejo de se tornar jornalista. Já nessa época, assina seus escritos sob o pseudônimo de Guillaume Macabre. De personalidade sensível, deixa transparecer seu espírito anarquista e dreyfusard (defensor de Alfred Dreyfus, oficial judeu do Exército francês condenado injustamente por traição).

Vivendo em condições bastante precárias e num ambiente familiar conflitante, Apollinaire aplica-se à escrita, vindo a produzir alguns contos. Aos 20 anos, depois de ter passado algum tempo na Bélgica, chega a Paris, onde se tornará colaborador do jornal Tabarin, um semanário satírico publicado em Montmartre (bairro parisiense de grande efervescência cultural e intelectual, conhecido por abrigar artistas e escritores). Assinando o nome Wilhelm Kostrowiztky, publica três poemas na revista La Grande France.

Convidado a trabalhar para uma família aristocrata de origem alemã, Apollinaire irá acompanhá-los através da Alemanha durante o ano de 1902, tendo conhecido Colônia, Hanover, Berlim, Dresde e Munique. Visita ainda Praga e Viena. Essa viagem inspirou-lhe poemas, contos e artigos que serão publicados quando de seu retorno à França.

Em Paris, torna-se colaborador do semanário L'Europpéen e a Revue Blanche publica seus contos, quando passa a assinar como Guillaume Apollinaire. A partir de então, sua vida de escritor conhecerá um movimento ascendente: apesar de alguns reveses, Apollinaire familiariza-se cada vez mais com o ambiente literário parisiense, torna-se crítico e colabora para a imprensa local. E, em 1913, publica um livro de poemas intitulado Alcools (Alcoóis).

Primeira Guerra

Em 1914, Apollinaire alista-se para defender o exército francês na Primeira Guerra Mundial. Ele transitará entre diferentes regimentos de Artilharia até que, em março de 1916, sofre um grave ferimento na têmpora direita. Seu período de convalescença será longo e doloroso.

No entanto, sua produção literária e jornalística continua em plena atividade. Em abril de 1918 é publicado Calligrames (Caligramas), obra que reúne poemas sobre a paz e a guerra, escritos entre 1912 e 1916.

Em 9 de novembro de 1918, vítima da gripe espanhola, Apollinaire morre em Paris, tendo legado à literatura de expressão francesa obras diversas: poemas, contos, romances, teatro, crônicas e críticas.

Mulheres

Sem dúvida, o percurso pessoal e profissional de Apollinaire esteve permeado pelo feminino. Muitas de suas obras são dedicadas a mulheres com quem viveu ou amargou os fracassos de um amor não correspondido.

A Louise de Coligny-Châtillon ele dedicará Poèmes à Lou (Poemas a Lou) e Je pense à toi mon Lou (Eu penso em ti minha Lou), reunindo poemas e cartas escritos durante o período em que esteve na guerra; a Madeleine Pages, À Madeleine Seule (Somente para Madeleine); a Jeanne-Yves Blanc, La marraine de guerre; a Jacqueline Kolb, La jolie rousse (A bela ruiva); a Marie Laurencin, Marie; e para Annie Playden, Annie.

Na vanguarda

Apollinaire conviveu com os artistas de Montmartre e lá, onde a vida boêmia e cultural fazia-se plena de vigor, conheceu Pablo Picasso (de quem se tornou grande amigo), Georges Braque, Modigliani, a escritora Gertrude Stein, Max Jacob, dentre outros.

Defensor de todas as vanguardas artísticas, notadamente o cubismo, e precursor do surrealismo, Apollinaire foi, além de escritor, um teórico aplicado e talentoso: sensível a uma poética ao mesmo tempo clássica e inovadora, cunhou o termo "caligramas" (um jogo com as palavras "ideograma" e "caligrafia") - e ousou ao suprimir toda a pontuação em sua obra Alcoóis.