Topo

Hector Berlioz Compositor francês

11 de dezembro de 1803, La Côte-Saint-André (França)

8 de março de 1869, Paris (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

13/08/2008 20h06

Quando criança, Louis-Hector Berlioz era um leitor insaciável de Virgílio, Shakespeare e Goethe. Apesar de demonstrar talento musical desde muito cedo, foi encaminhado pela família para cursar medicina em Paris. Lá, atraído pelo Teatro da Ópera e pelo movimento artístico, acabou trocando a universidade pelos estudos de música, apesar da desaprovação sistemática de seus pais.

No Conservatório de Paris, onde estudou composição, tornou-se um aluno incômodo: suas idéias musicais eram ambiciosas e difíceis de executar devido ao grande número de instrumentos exigido. Em 1830, depois de várias tentativas infrutíferas, Berlioz conquistou o Prêmio de Roma, um dos mais importantes da época.

No mesmo ano, compõe a Sinfonia fantástica: episódio da vida de um artista, nascida de seu amor pela atriz inglesa Harriet Smithson. Três anos depois, ele acabaria se casando com Harriet, mas seriam infelizes, separando-se em 1844.

Pobreza

A miséria perseguirá Berlioz até os últimos dias. Na verdade, como tantos outros artistas, o compositor havia nascido na época errada: em Paris, naqueles dias, desprezava-se a música sinfônica - o gosto do público e da crítica estava voltado, principalmente, a óperas medíocres.

Para sobreviver, Berlioz passa a colaborar no Jornal de Debates como crítico de música. Também viaja como regente de orquestra, quando conhece o compositor e virtuose Paganini, que elogia entusiasticamente suas composições. Em 1852, o compositor e pianista Franz Liszt organizaria em Weimar uma Semana Berlioz, mas o êxito do evento não chega sequer a equilibrar as finanças do compositor.
 

Romantismo e música programática

Hector Berlioz é um romântico autêntico. O fascínio pelo monumental, pelo desmedido, acabou por levá-lo a uma das suas principais realizações: a revolução da técnica orquestral. A riqueza e o colorido das combinações instrumentais já estão presentes na Sinfonia fantástica - obra vigorosa, dividida entre a magia do movimento lento e a força macabra da "Marcha para o patíbulo".

A técnica de orquestração de Berlioz fez do réquiem Missa dos mortos uma das mais brilhantes composições fúnebres de todos os tempos. E seu trabalho alcançará a maturidade com Romeu e Julieta, sinfonia dramática dedicada a Paganini.

A contribuição mais importante de Berlioz para a história da música do século 19 é a invenção da música programática (música instrumental composta a partir de um texto), nascida, com certeza, de sua sensibilidade literária. Ele exercerá grande influência sobre Liszt, Richard Strauss, Bedřich Smetana e vários outros.
 

Inspiração clássica

A indiscutível inventividade melódica de Berlioz salvará o caráter melodramático de suas músicas. Entre suas composições, merecem ser citadas: o ciclo de canções Noites de verão, para meio-soprano e piano (orquestrada em 1856 pelo próprio compositor), a cantata cênica A danação de Fausto e o oratório A infância do Cristo, de beleza serena e sóbria.

Considerada por muitos sua obra-prima, a ópera Os troianos teve como modelo as óperas de Gluck. Berlioz demorou três anos para terminá-la. Nessa e em outras obras compostas no final de sua vida, Berlioz conseguiu superar os transbordamentos românticos e se voltar à inspiração clássica.

Em 1844, o compositor publicou um tratado pioneiro sobre orquestração, obra que continua a ser uma importante referência no assunto. Seus últimos anos de vida são os mais amargos. O que o salva do naufrágio total é uma viagem à Rússia, em 1867, onde dá vários concertos e conhece a obra de Mussorgsky.
 

Enciclopédia Mirador Internacional e Música clássica, de John Stanley (Editora Livros & Livros)