Homero Poeta grego

Atualizado em 23/11/2012, às 8h48.

Falar sobre Homero, um poeta da Grécia Antiga, é lidar com incertezas. Acredita-se que ele tenha nascido entre os séculos IX e VIII antes de Cristo, em alguma região costeira da Ásia Menor. Mas tais informações são mais especulação do que fatos comprovados. E apostar na veracidade desses fatos é o mesmo que tentar pegar água com as mãos, já sabemos que ela sempre vai escapar entre os dedos. O que não impede que os estudiosos continuem tentando e, assim, ora o poeta é dado como natural de Ionia, ora de Esmirna ou de outra meia dúzia de cidades que o reivindicam como filho.

Da mesma forma que do poeta nada sabemos, a comprovação dos poemas de sua autoria também requer certos cuidados, pois enquanto alguns afirmam que o poeta épico de fato existiu, há quem ateste que na verdade os textos atribuídos a Homero seriam de um grupo de pessoas que se apoiava na tradição oral para narrar as lendas heroicas daquela época.

Tenha existido ou não, o certo é que pelo menos duas das mais famosas epopeias que reproduziram os eventos da Guerra de Troia foram atribuídas a Homero e, por mais que sua vida real seja incerta e misteriosa, essas histórias permaneceram e se tornaram ricos e criativos registros históricos.

A Guerra de Troia

Poema de Homero, a Ilíada dá conta dos acontecimentos ocorridos por ocasião da Guerra de Troia, conflito motivado, segundo a lenda, pelo rapto da bela Helena. Esposa de Menelau, rei de Argos, a apaixonada Helena fugiu com Páris, um príncipe troiano filho do rei Príamo.

De acordo com o enredo, enfurecido pelo rapto da esposa, Menelau é apoiado por seu irmão Agamêmnon, rei de Micenas, e empreende uma histórica expedição naval com o objetivo de cercar a cidade de Troia e resgatar sua esposa. A guerra durou dez anos e ficou marcada por lendas e personagens heroicos que se destacaram em ambos os lados do conflito.

Assim, conduzidos pelas mãos de Homero, personagens como Aquiles, Heitor e Príamo, além da própria Helena e de Páris, entre tantos outros, entraram para a história e seus feitos são contados até os nossos dias.

A estrutura da Ilíada está composta de 24 cantos e, curiosamente, tem o seu nome atrelado ao fato de se tratar de uma epopeia relatando a conquista de Ílio, nome como era conhecida a cidade de Troia na antiguidade.

Odisseia

Terminada a Guerra de Troia, o poema Odisseia narra as aventuras de Odisseu (ou Ulisses, como os romanos o conheciam) na sua viagem de volta para casa na ilha de Ítaca, onde sua paciente esposa, Penélope, o aguarda. Repleta de acontecimentos fantásticos, a longa viagem de retorno obriga Odisseu a usar de toda a sua astúcia para vencer os obstáculos e reconquistar seu reino e sua esposa. Na realidade, Penélope estava acossada por um grande número de pretendentes que dava como certa a morte de Odisseu e tentava se apossar de seus bens.

Homero estrutura este poema também em 24 cantos e com frequência utiliza a voz do herói e protagonista Odisseu para contar as peripécias desse longo regresso que durou dez anos. Com uma linguagem mais coloquial e romanesca, o autor desenvolve sua narrativa em três partes.

Na primeira, descreve os problemas de Penélope e de seu filho Telêmaco em Ítaca. A segunda parte se desdobra nas peripécias do retorno de Odisseu e nas buscas de Telêmaco pelo pai desaparecido. E a terceira encerra a história, com o encontro de Odisseu e seus familiares e a reconquista de seu ameaçado status.

A influência de Homero

Outras produções, como Margites, Batracomiomaquia e os hinos homéricos (estes dedicados a inúmeras divindades), também são atribuídas a Homero, mas igualmente sem respaldo de informações fidedignas do ponto de vista histórico. Aliás, a questão da delimitação autoral das obras atribuídas a Homero acabou gerando o que costumeiramente passou a ser chamado de “questão homérica”, problema recorrente nas pesquisas sobre o autor.

Todas essas dúvidas e incertezas não impedem, entretanto, que sua obra tenha sido reverenciada ao longo dos tempos e se tornado uma das mais fortes influências na criação da literatura ocidental.

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