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Isabelita Perón Presidente da Argentina

04/02/1931, La Rioja

Da Redação<br>Em São Paulo

22/03/2005 19h30

Primeira mulher a ocupar a presidência de um país na América Latina, María Estela Martínez de Perón, conhecida por seu pseudônimo artístico como Isabel, nasceu em La Rioja, em 4 de fevereiro de 1931. Filha de María Josefa Cartas e Carmelo Martínez, funcionário do Banco Hipotecário, teve uma infância tranqüila, pertencente a uma família de classe média.

Os seus estudos foram realizados em Buenos Aires, onde também teve aulas de dança no Teatro Cervantes, que eram complementadas com lições de piano e francês. Logo que concluiu os estudos, decide participar de uma companhia de teatro. Aos 23 anos, inicia uma turnê por vários países latino-americanos, onde acaba ficando mais tempo que o previsto, por causa do sucesso das apresentações do grupo.

Em 23 de dezembro de 1955, no Hotel Washington, no Panamá, teve seu primeiro encontro com o general Juan Domingo Perón, que estava no exílio. Existem várias versões sobre o primeiro encontro entre ambos. A versão oficial diz que Isabel se ofereceu para ser secretária particular do ex-presidente, que estava necessitando de uma pessoa que prestasse este serviço. Outra versão diz que, após ver um espetáculo em que ela atuava, foi conhecê-la através de um amigo em comum. Cinco anos depois, no dia 5 de janeiro de 61, os dois se casaram em Madri.

Durante o período em que Perón ficou exilado na Espanha, sua mulher visitou a Argentina várias vezes em busca de apoio político para a volta do marido ao seu país. Finalmente, no dia 17 de novembro de 1972, Isabel Perón acompanhou o retorno triunfal do general Perón para a Argentina. Em 73, surgiu a dobradinha Perón-Perón para disputar o governo Argentino _Juan Domingo como candidato à Presidência, e Isabelita, para vice.

Com mais de 60% dos votos, Perón derrotou os seus adversários e voltou para a Casa Rosada, sede do governo argentino. Como vice, Isabel Perón assumiu várias vezes a administração do país, substituindo o marido, que já apresentava muitos problemas de saúde.

Em 1° de julho de 1974, Isabel Perón assumiu definitivamente o poder, com a morte do general. Na Presidência da República, ampliou o poder dos políticos conservadores do seu partido, o Justicialista. Revoltados, grupos comandados por guerrilheiros passaram a lutar contra o governo, o que provocou uma desestabilização ainda maior em sua administração.

Seu governo herdou problemas inflacionários, greves de trabalhadores e uma acirrada violência política. Ao perceber que perderia o controle da situação, Isabel Perón impôs o "estado de sítio" na Argentina em novembro de 74. Nesta época, também fez uma reforma geral em seu ministério e imprimiu novos títulos para o pagamento da dívida externa, que não parava de crescer.

Dentro deste caos político e social, alguns militares recomendaram a sua renúncia, mas a presidente simplesmente não cogitou deixar o governo. Com a crise tomando rumos desproporcionais, foi afastada por um golpe no dia 24 de março de 1976, quando foi detida em sua casa, por oficiais da Força Aérea. Isabelita Perón foi deposta por uma junta militar comandada pelo general Jorge Rafael Videla, que decretou a sua prisão.

Depois de cinco anos de detenção, a ex-presidente foi condenada, no começo de 1981 por corrupção. Em julho do mesmo ano, Isabel Perón foi libertada e, em seguida, a última mulher do general Juan Domingo Perón deixou a Argentina e foi morar na Espanha.

Discreta, escolheu um bairro elegante de Madri para viver e permanecer afastada da política que fez parte por mais de 40 anos da sua vida. Em 1983, recebeu o indulto do governo argentino e voltou a se filiar ao Partido Justicialista, apesar de nunca mais disputar um cargo eletivo.