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Jacques Bénigne Bossuet Orador sacro e escritor francês

27 de setembro de 1627, Dijon (França)

12 de abril de 1704, Paris (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

27/11/2008 00h19

Nomeado arcediago de Metz em 1652, Jacques Bénigne Bossuet deixa o posto em 1659 e muda-se para Paris, onde rapidamente alcança fama como orador sacro. Em 1671 é eleito para a Academia Francesa e, um ano depois, escolhido para ser preceptor do delfim (título que designava o primogênito do rei da França, herdeiro do trono).

O nome adquirido por Bossuet, com seus sermões, faz com que ele seja indicado para fazer as orações fúnebres de membros da família real e de personalidades eminentes. Como orador sacro, seu estilo é de serenidade e imponência bíblicas. É um pregador que se assemelha aos profetas do Antigo Testamento.

Suas Orações fúnebres (1656-1691) são grandes exemplos de retórica, estudos históricos imbuídos de providencialismo (doutrina filosófico-religiosa que atribui tudo que existe e tudo que se passa no mundo à Providência divina) e modelos de clássico estilo francês.

Ao terminar o preceptorado do delfim, em 1681, Bossuet recebeu o bispado de Meaux e engajou-se em três polêmicas: contra o protestantismo, contra o quietismo (forma de misticismo segundo a qual a alma pode atingir um estado contínuo de amor e de união com Deus, mesmo que o homem se conserve na mais total passividade de coração e de atitudes) e em favor das liberdades da Igreja da França.

Seus princípios são os da autoridade da Igreja e da monarquia absoluta, que defende sem cansar. Sua concepção do papel da Igreja e do Estado levou-o a defender causas que apenas um século após sua morte estariam superadas.
 

Ortodoxia e tradicionalismo

Bossuet atacou o individualismo religioso, que identificou como heresia; e afirmou o papel da Providência divina na história. Por motivos religiosos, também combateu o teatro. Em 1682, obedecendo ao rei Luís 14, defendeu contra Roma os privilégios tradicionais da Igreja francesa.

Nos últimos anos do século 17, engajou-se em feroz disputa com François Fénelon (pseudônimo de François de Salignac de La Mothe-Fénelon, teólogo, poeta e escritor francês), denunciando-o como adepto do quietismo. Em 1699, a Santa Sé condenou Fénelon.

Essa disputa e a maneira como combateu Richard Simon, fundador da exegese crítica da Bíblia, lançaram sombras na vida e na obra de Bossuet. Sua intransigência e seu autoritarismo tornaram-no alvo de incompreensão mesmo de setores católicos.

Dessa forma, Bossuet continua sendo, até hoje, o representante máximo da ortodoxia e do tradicionalismo franceses.

Considerado o maior de todos os oradores sacros, pode-se dizer que sua preeminência procede justamente do fato de ele não ser apenas um pregador. É um dos grandes vultos do classicismo francês. De imensa atividade literária, não fez uso de seus dotes oratórios para criar apenas efeitos verbais.

Bossuet escreveu sobre eloqüência e historiografia, epistolografia e política, meditações místicas e polêmicas exegéticas. Sua condição de bispo predominou sobre todas as outras, pois se sentia investido do dever de pregar, defender e ampliar o reino de Cristo.

O Discurso sobre a história universal, publicado em 1681, é obra que dá a medida da genialidade de Bossuet, não só como orador e polemista, mas como historiador e escritor clássico.
 

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