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Jaime Cortesão Historiador português

29/4/1884, Ançã, Portugal

14/8/1960, Lisboa, Portugal

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

31/07/2005 17h42

"Quando dizemos que impulsos cívicos nos ditaram esta obra, subentendemos, em primeiro lugar, os deveres de cidadão português e de cidadão brasileiro. Sabemos que, em nossa consciência de homem e de historiador, as duas categorias se fundem numa única; e que temos direito, pelo nosso passado, a que os brasileiros assim o reconheçam. Abstraindo, aliás, do nosso caso, entendemos que amar e servir o Brasil é uma das melhores formas de ser português." Com estas palavras Jaime Cortesão reafirmou sua gratidão à pátria que o acolheu, no prefácio de seu livro "A fundação de S. Paulo".

Jaime Cortesão estudou em grego e direito em Coimbra, e medicina no Porto e em Lisboa (Portugal). Formou-se em medicina em 1909. Ainda estudante, fundou em 1907 a revista "Nova Silva". Em 1910, participou da criação da revista "A águia" e, em 1912, da revista "Renascença Portuguesa". Foi professor de literatura num liceu do Porto de 1911 a 1915.

Em 1915, elegeu-se deputado, cargo que exerceria até 1917. Em 1918 participou da Primeira Guerra como capitão-médico voluntário do Corpo Expedicionário Português. Ferido em combate, foi condecorado com a Cruz de Guerra. Publicaria mais tarde as memórias deste episódio no livro "Memórias da Grande Guerra".

Em 1921 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional, exercendo o cargo até 1927. Durante esse período Jaime Cortesão adquiriu renome como historiador do descobrimento, graças à sua colaboração na "História da Colonização Portuguesa do Brasil".

Acusado de participar de uma tentativa de derrubar a ditadura salazarista (1932-1968) em seu país, Cortesão foi demitido e exilou-se na França. Em 1940, com a invasão da França pelo exército nazista, Jaime Cortesão emigrou para o Brasil.

Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, tornando-se professor universitário. Especializou-se na história dos descobrimentos portugueses e na formação do Brasil. Em 1952 organizou a exposição histórica de São Paulo, para comemorar o 4° centenário de fundação da cidade, da qual receberia o título de cidadão benemérito.

A obra de Jaime Cortesão inclui volumes de poesia como "A Morte da Águia", "Glória Humilde" e "Poesias escolhidas", peças de teatro, como "O Infante de Sagres", e várias obras de história. Entre seus estudos mais importantes estão "A experiência de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil", "Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madri", "Os Fatores Democráticos na Formação de Portugal", "O Império Português no Oriente" e a vasta obra em seis volumes "Os descobrimentos portugueses."

Em 1957 Jaime Cortesão retornou a Portugal. Três anos depois, faleceu em Lisboa. O féretro saiu da Sociedade Portuguesa dos Escritores, da qual ele era presidente, coberto com as bandeiras de Portugal e do Brasil.