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Joana D'Arc Guerreira e santa francesa

6 de janeiro 1412, Domrémy (França)

30 de maio de 1431, Ruão (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

09/09/2008 22h56

A vida de Joana D'Arc está eminentemente ligada à Guerra dos Cem Anos, um conjunto de conflitos no qual Inglaterra e França lutaram entre si, de 1337 a 1453.

O estopim da guerra ocorreu quando o rei Eduardo 3º, da Inglaterra, diante da morte de Carlos 4º, rei da França, passou a alegar que teria direito ao trono francês, pois sua mãe era irmã do monarca falecido. Ao mesmo tempo, ocorriam disputas territoriais envolvendo setores da nobreza, principalmente porque a Inglaterra já dominava alguns feudos franceses. Com a nobreza dividida, o partido que defendia a supremacia da França entregou o trono a Felipe 6º, primo de Carlos 4º.

Em meio a inúmeras batalhas, nas quais os dois países disputavam fatias do território francês, quatro reis governaram a França: além de Felipe 6º, Carlos 5º, Carlos 6º e Carlos 7º. Antes que este último assumisse o poder, os ingleses já ocupavam quase toda a França, cuja nobreza, após da morte de Carlos 6º, dividiu-se entre os que defendiam o duque de Borgonha como sucessor do rei e os que tomaram o partido de Carlos, o delfim (o primogênito do rei, herdeiro natural do trono). Joana D'Arc surge exatamente no momento em que o delfim luta para se impor e ser coroado como Carlos 7º.
 

Mística e guerreira

Nascida em uma família de camponeses, no lugarejo de Domrémy, na região da Lorena, ao completar 13 anos Joana D'Arc passou a ouvir vozes que a incentivavam a ter uma vida devota e piedosa. Anos mais tarde, as vozes a exortaram a dirigir o exército francês, coroar o delfim e expulsar os ingleses da França.

Obedecendo às vozes que ela acreditava serem de anjos ou santos, Joana se dirige, em 1428, à guarnição da cidade de Vaucouleurs, onde se encontra com Robert de Baudricourt, capitão da guarnição real, e solicita uma escolta para ir ao encontro do delfim. Inicialmente, Baudricourt a despreza, mas diante da verdadeira tenacidade da jovem, que não esmorece com o passar dos meses, acaba cedendo.

Joana viaja, então, a Chinon, onde o delfim está escondido. E, graças a Baudricourt, é recebida. Depois de ouvi-la, Carlos faz com que ela seja interrogada por teólogos de sua confiança. Finalmente, depois de várias entrevistas, concede-lhe um exército de cinco mil homens. Para surpresa de todos, ela enfrenta os ingleses no cerco de Orléans e os derrota em 8 de maio de 1429. É o início de uma série de campanhas vitoriosas, que abrem caminho no território francês até a cidade de Reims, onde o delfim seria coroado a 17 de julho de 1429.
 

De bruxa a santa

A partir desse momento, Joana afirma não ouvir mais as vozes que a orientam. Decide, portanto, voltar para casa. O exército e o setor da nobreza que apoiava Carlos 7º insistem, contudo, para que ela fique e continue lutando. Ela cede, mas é derrotada e ferida em um ataque a Paris, cidade ainda sob domínio inglês - e, depois, acaba sendo presa pelo exército borgonhês, ao tentar libertar Compiègne.

Os borgonheses a entregam aos ingleses. Presa em Ruão, é submetida a um tribunal eclesiástico e acusada de bruxaria. Depois de interrogatórios e de um processo que se estendeu por três meses, Joana D'Arc foi condenada à fogueira por heresia e bruxaria. Executada em 30 de maio de 1431, na praça do Vieux Marché, suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração pública.

Em 1450, os ingleses foram derrotados em Formigny. E, três anos mais tarde, em Castillion, quando são expulsos da França (exceto de Calais, de onde sairiam em 1558).

Anos mais tarde, o papa Calixto 3º reabriu o processo contra Joana D'Arc, e a inocência da guerreira foi rapidamente reconhecida, julgando-se hereges todos os que a condenaram. Séculos depois, em 1909, Joana D'Arc foi beatificada e depois declarada santa pelo papa Benedito 15º.
 

Enciclopédia Mirador Internacional, The Oxford Dictionary of Saints