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João Escoto Erígena Filósofo do renascimento carolíngio

810, Irlanda<p>877, França

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

15/01/2008 10h56

João Escoto Erígena (810-877) foi um importante filósofo do renascimento carolíngio. Pouco ou nada se sabe sobre a sua origem, exceto que era irlandês, o que sabemos por causa do seu nome, pois João Escoto Erígena significa "João, o escocês nascido na Irlanda". Depois de estudar em um monastério da Irlanda, teria se mudado para a França no ano de 850, convidado a dirigir a escola palatina do imperador Carlos, o Calvo (neto de Carlos Magno).

Escoto Erígena participou da chamada "controvérsia predestinacionista" (sobre o provável desígnio de Deus de conduzir os seus eleitos à glória eterna), que envolveu vários bispos da época, e traduziu do grego as obras do Pseudo-Dionísio e de Gregório de Nisa, enriquecendo o horizonte teológico latino com o pensamento desses autores gregos. Sua contribuição à Patrologia criou uma ponte, antes inexistente, entre os Padres gregos e os teólogos e filósofos da Idade Média.

Entre suas obras, encontram-se: "Sobre a predestinação"; "Exposições sobre a hierarquia celeste"; e "Sobre a divisão da natureza", seu trabalho mais importante. Nele, Escoto afirma que o estudo da natureza deve ser realizado através de um movimento duplo: a "divisão" (do universal ao particular) e a "análise" (do particular ao universal).

Segundo o filósofo, esses movimentos devem ocorrer não apenas por causa da necessária lógica, mas porque os seres individuais descendem hierarquicamente dos gêneros universais. Ou seja: das idéias nascem os gêneros; e destes nascem os subgêneros, as espécies e as substâncias individuais.

A filosofia de Escoto Erígena segue, em geral, a linha de pensamento de santo Agostinho, profundamente marcada pelo platonismo. Erígena quis explicar a realidade por meio de um sistema racional e unitário que contradizia o dualismo da religião - segundo a qual Deus e o mundo são duas realidades diferentes - e os dogmas relativos à criação e à vontade divinas.

Sem condenação eterna

Para Escoto, razão e fé são fontes válidas de conhecimento verdadeiro, e por isso não podem ser opostas; mas se assim ocorrer, a razão deve ter prevalência sobre a fé. Essa afirmação, juntamente com seu pensamento panteísta (para Escoto, todas as coisas são emanações de Deus e voltam a Ele), expostos em "Sobre a natureza", fizeram com que a Igreja o condenasse por heresia, condenação da qual se salvou graças à proteção do imperador. Apesar da condenação, é importante ressaltar que sua obra continuou sendo lida por filósofos e teólogos posteriores.

Escoto acredita que o homem pode crer na existência de Deus, compreendê-Lo através das Suas manifestações divinas, outorgadas às criaturas, e também dizer algo sobre Deus (como, por exemplo, "Deus é bondade"), mas sem jamais esquecer que, ao fazê-lo, está limitando Deus ao entendimento humano, sendo que Deus não se esgota na razão humana, mas encontra-se muito além dela.

João Escoto Erígena também nega a existência da condenação eterna e afirma que todos os seres humanos serão purificados no final dos tempos. Segundo Escoto, acreditar no contrário seria admitir a vitória definitiva do pecado em um mundo que Cristo resgatou com seu sacrifício.

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