João Paulo 2º (Karol Józef Wojtyla) Papa de 1978 a 2005
18/05/1920, Wadowice, Polônia
02/04/2005, Vaticano, Itália<br>
Quando o Vaticano anunciou o sucessor do papa João Paulo 1º no dia 16 de outubro de 1978, católicos de todo o mundo tiveram uma grande surpresa. Pela primeira vez desde 1522, o mais alto posto da hierarquia da Igreja Católica era ocupado por um religioso que não havia nascido na Itália. Ainda abalados pela morte prematura de João Paulo 1°, que ficou no poder apenas 34 dias, os cardeais com direito a voto escolheram o polonês Karol Józef Wojtyla para ser o 264º papa (263º sucessor de Pedro).
João Paulo 2º, que adotou o nome para homenagear o seu predecessor, era a verdadeira imagem de um esportista quando foi saudado pelos fiéis que aguardavam a nomeação do comandante do catolicismo na praça de São Pedro. Aos 58 anos, Wojtyla transpirava saúde e energia -na juventude, praticou montanhismo, natação e futebol. Antes de ingressar na vida religiosa, o papa trabalhou em uma mina e em uma indústria química na Polônia, justamente na época em que o país era ocupado por tropas nazistas.
Nomeado pelo papa Pio 12 bispo titular de Ombi e auxiliar da Cracóvia (Polônia), Karol Wojtyla participou do Concílio Vaticano 2º. Seu pontificado, um dos três mais longos da história, sofreu um grande susto no dia 13 de maio de 1981, quando foi baleado pelo turco Mehmet Ali Agca durante uma missa que celebrava na praça São Pedro. Levado de emergência para a Clínica Agostino Gemelli, o papa foi submetido a uma cirurgia que durou cinco horas e meia, onde recebeu três litros de sangue e perdeu 55 centímetros do intestino.
O atentado terrorista marcou o início de seus problemas de saúde. No mesmo ano, Wojtyla foi internado novamente para se tratar de uma infecção derivada da operação. Na década de 90, foi operado de um tumor benigno no cólon, perdeu a vesícula biliar, fraturou o fêmur e passou a conviver com o mal de Parkinson.
Desde que assumiu o seu posto, João Paulo 2º manteve o conservadorismo na Igreja Católica, editando encíclicas contra o aborto, homossexualidade, controle de natalidade, fertilização in vitro, engenharia genética e eutanásia.
Peregrinação
Ao contrário dos seus antecessores, João Paulo 2º fez muitas viagens, inclusive para países socialistas, o que representa um marco para a Igreja Católica. A sua primeira visita ao Brasil aconteceu em 1980. Ao meio-dia do dia 30 de junho, o papa desembarcou no país e percorreu 13 cidades em apenas 12 dias. A maratona teve um total de 30 mil quilômetros e momentos inesquecíveis, como a celebração de uma missa campal para 160 mil pessoas no Maracanã.
A segunda viagem ao Brasil aconteceu entre 12 e 21 de outubro de 91. O papa não costumava beijar o solo de um país que ele já tinha visitado, mas no Brasil ele quebrou a tradição. Visitou sete cidades e fez 31 discursos e homilias. Esteve pela terceira vez no Brasil entre 2 e 6 de outubro de 1997. Em seu papado, João Paulo 2º visitou mais de 120 países.
Outro momento marcante do seu pontificado aconteceu em 2000, quando a igreja comemorou 20 séculos de história. Em missas e pregações, o papa pediu perdão pelos pecados cometidos pelos católicos. Apesar de não mencionar fatos específicos, cardeais com forte relação de amizade com o pontífice disseram que João Paulo 2º estava se referindo às injustiças acontecidas durante as Cruzadas e Inquisição.
Autor dos livros "Atravessar o Umbral da Esperança", "Dom e Ministério: no Qüinquagésimo Aniversário do Meu Sacerdócio", "Tríptico Romano" e "Levante-te, Vamos", entre outras publicações, o papa celebrou mais de 150 cerimônias de beatificações e mais de 50 canonizações, entre as quais a de Amabile Lucia Visitainer, a Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a primeira santa brasileira. Italiana, nascida na região de Trento, Visitainer veio para o Brasil com apenas 10 anos. Sua primeira Encíclica, "Redemptor Honoris" (Redentor dos Homens, 1979) explica a redenção por Cristo e a dignidade humana. Encíclicas posteriores falaram sobre o poder da misericórdia na vida dos homens, a importância do trabalho como formas de "santificação", os efeitos destrutivos da rivalidade entre as superpotências e a necessidade de conciliação entre o capitalismo e a justiça social.
Após anos de convivência com o mal de Parkingson e com uma série de problemas de saúde, Wojtyla morreu aos 84 anos em seus aposentos no Palácio Apostólico do Vaticano (Roma), às 21h37 (16h37 de Brasília) do dia 2 de abril de 2005.