Johann Wolfgang von Goethe Poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta alemão
28 de agosto de 1749, Frankfurt am Main (Alemanha)<p>22 de março de 1832, Weimar (Alemanha)
Johann Wolfgang von Goethe é considerado como a maior personalidade da literatura alemã, seu maior poeta, grande também como dramaturgo, romancista e ensaísta; e são notáveis suas obras autobiográficas, seus estudos de ciências naturais e suas conversações, fielmente notadas, com amigos.
Para toda essa obra polimorfa vale o que o próprio Goethe dizia das suas poesias: são "ocasionais", isto é, ligadas aos acontecimentos de sua vida e a experiências pessoais, de modo que não é possível separar as obras e a vida.
De família burguesa, culta e abastada, Goethe recebeu educação enciclopédica. Em 1765 matriculou-se na Universidade de Leipzig para estudar direito. Conheceu literatos e artistas, envolveu-se em aventuras amorosas e escreveu poesias anacreônticas, à moda da época.
Interrompidos os estudos por grave doença, matriculou-se em 1770 na Universidade de Strasbourg. Conheceu Herder, o grande crítico pré-romântico, que o iniciou na leitura de Shakespeare e lhe sugeriu passeios pelos campos da Alsácia, para colecionar canções populares.
Amores e escritos
A catedral gótica de Strasbourg encheu-o de entusiasmo pela Idade Média alemã, quando surgiu a primeira ideia de escrever o Fausto. Em 1772 apaixonou-se por Charlotte Buff, noiva de um amigo íntimo, conflito que o abateu profundamente. Procurando alívio no estudo do passado, escreveu Götz von Berlichingen, uma tragédia shakespeariana, glorificando a época das lutas do tempo da Reforma. A peça obteve estrondoso sucesso.
A forte paixão por Charlotte ainda renderia outra obra: Os sofrimentos do jovem Werther. Embora influenciado por A nova Heloísa, de Rousseau, Goethe criou uma obra totalmente original, de permanente atualidade psicológica, cheia de sentimentalismo pré-romântico, mas elevada a alturas trágicas pelo desfecho, o suicídio de Werther.
O romance obteve sucesso imenso e foi traduzido para todas as línguas. O jovem autor transformou-se em personalidade de fama internacional e foi convidado a fixar residência em Weimar, nomeado ministro do pequeno ducado, e recebeu título nobreza.
As relações de Goethe com Charlotte von Stein, sua nova amante, mulher altamente sofisticada, inspiraram-lhe nova série de poesias líricas. Mas não são eróticas. São grandes odes em versos livres, manifestações de um idealismo estético e moral. Ou, então, graves meditações em estilo hermético - e também pequenos poemas. São as mais belas poesias líricas da literatura alemã, mas dificilmente traduzíveis e por isso menos conhecidas no estrangeiro. Elas desmentem a tese de que Goethe teria sido mais ensaísta que poeta.
Romantismo e classicismo
Sentindo necessidade de sair do pré-romantismo, pela contemplação das obras de arte da Antiguidade clássica, Goethe viajou em 1786 para a Itália, onde ficou até 1788, principalmente em Roma. Seus estudos de arte o tornaram um classicista ortodoxo, à maneira de Winckelmann.
De volta a Weimar, Goethe publicou Fausto - um fragmento, terminando definitivamente a fase pré-romântica de sua vida. A tragédia Torquato Tasso, de 1790, resume suas experiências na corte: é a renúncia ao idealismo poético e a adoção de uma atitude realista ante as exigências da vida. Goethe torna-se realista.
Assume, então, a direção do teatro de Weimar, criando um repertório em que predomina Shakespeare. Dedica-se cada vez mais às ciências naturais, sobretudo à botânica e à óptica.
A Revolução Francesa ameaçava destruir os fundamentos de sua existência aristocrática de esteta culto. Assistindo, em 1792, a primeira derrota dos exércitos monárquicos pelos revolucionários franceses, em Valmy, ele diagnostica com acerto a situação histórica, dizendo: "Daqui e hoje começa uma nova época da história universal".
Em 1794 começam as relações de amizade com Schiller. Lê as obras de Kant. Aprofunda, filosoficamente, o seu classicismo. É desse período o romance Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister, um romance de formação de um jovem poeta que se torna realista amadurecido.
Em 1805 escreve, em prosa clássica, Winckelmann e seu século, espécie de manifesto do classicismo. Em 1808, publica a primeira parte do Fausto. Nessa versão definitiva, a obra começa com as meditações metafísicas de Fausto, que formam um dos mais profundos poemas filosóficos da literatura universal.
Goethe manteve, inicialmente boa relação com os românticos, principalmente com com August Wilhelm Schlegel e com Friedrich Schlegel. Mas não estava de acordo nem com as tendências cristianizantes nem com a preferência pela Idade Média em detrimento do classicismo pagão. Separando-se dos românticos, acentua seu relativo realismo.
Novos amores
Parece que acreditava terminada sua carreira literária, quando a paixão pela linda Marianne von Willemer lhe inspirou O divã ocidental-oriental, volume de poesias eróticas e filosóficas, cheias de paixão violenta e de anticristianismo decidido. São os poemas mais belos que Goethe escreveu.
A velhice de Goethe, que se havia transformado em ídolo literário do mundo, incondicionalmente idolatrado, pertence às tentativas de encontrar a continuação do Fausto e à elaboração do romance Anos de viagens de Wilhelm Meisters, publicado a partir de 1821, obra em que Goethe resume seu ideal de formação total da cultura do indivíduo, sonhando com uma utópica sociedade educativa para esse fim, a "província pedagógica".
São os anos em que Goethe conversava diariamente, sobre todos os assuntos possíveis, com seu secretário, Johann Peter Eckermann (1791-1854), que publicou em 1837 suas notas sob o título de Conversações com Goethe, obra da mais alta sabedoria, revelando também o interesse do poeta pelas novas tendências literárias e seu ideal de uma comunidade literária de todas as nações.
A calma desses últimos anos foi perturbada pela repentina paixão erótica do homem de 70 anos pela jovem Ulrike von Levetzow. A resignação inevitável produziu o comovente poema Elegia de Marienbad. Goethe dedicou o resto de sua vida à elaboração da segunda parte do Fausto, que foi concluída em 1830, mas publicada só depois da morte do poeta.
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