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John Stuart Mill Filósofo inglês

20 de maio de 1806, Londres (Inglaterra)

8 de maio de 1873, Avignon (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

22/10/2008 15h16

John Stuart Mill teve a sua educação orientada e dirigida, desde cedo, dentro do utilitarismo e das obras de Jeremy Bentham (1748-1832), para quem o egoísmo, a ação utilitária e a busca do prazer são princípios capazes de fundamentar uma moral e orientar os comportamentos humanos na direção do bem.

Revelando-se precoce, Stuart Mill foi separado, por seu pai, das crianças da mesma idade e submetido a rígida disciplina intelectual. Conforme escreveu em sua Autobiografia, aos 15 anos queria trabalhar para reformar o mundo.

Aos vinte anos, contudo, sofre uma forte crise nervosa, rompendo com as ideias que lhe eram impostas. Busca, então, apoio na leitura dos poetas líricos, convencido de que o ser humano não é apenas puro intelecto.

Logo depois, volta a sofrer nova crise, dessa vez sentimental, vivendo um romance com Harriet Taylor, com a qual só pôde se casar 21 anos depois, tendo de enfrentar os preconceitos da sociedade de seu tempo.

Tal fato iria marcá-lo para o resto da vida, refletindo-se em sua filosofia, sempre inconformista, contra as convenções sociais, tornando-o, inclusive, um dos precursores da liberação da mulher.

A indução como método científico

A filosofia de Stuart Mill representa o coroamento de toda uma linha do próprio pensamento britânico, iniciado por Francis Bacon. O seu principal objetivo consistiu em renovar a lógica, tida como acabada e perfeita desde a construção aristotélica.

Stuart Mill aproveitou-se das ideias de John Herschel e William Whewell sobre a teoria da indução, além da grande influência que sofreu com a leitura dos primeiros volumes do Curso de filosofia positiva, de Augusto Comte.

Antimetafísico, Stuart Mill faz da indução o método científico por excelência, atendo-se aos fatos. O filósofo parte da experiência como base de todo conhecimento, quer nas ciências físicas, nas sociais ou mesmo na matemática.

Mill nega o a priori como pura construção racional, vendo nele, antes, uma formação originada da experiência, através da indução.

Para Stuart Mill, quatro regras metodológicas são fundamentais para o bom uso da indução, capazes de levar a resultados seguros e ao conhecimento do mundo objetivo: (a) concordância entre os fenômenos; (b) a diferença entre eles; (c) a regra dos resíduos; e (d) a regra das variações concomitantes. Por meio dessas regras, segundo Mill, é possível chegar-se às relações de causalidade entre os fenômenos, estabelecendo-se os antecedentes invariáveis e incondicionais.

Psicologia e ciências morais

Stuart Mill aceita a psicologia como ciência autônoma e independente. Usando do mesmo método indutivo, o filósofo defende um ponto de vista puramente associacionista, reduzindo os fenômenos psíquicos a seus elementos mais simples, não estruturais. Para Mill, a psicologia deve se ater a essas relações dos estados elementares e estabelecer as leis correspondentes, mas nunca se deixando afastar da experiência fenomênica.

Na opinião de Mill, as ciências morais originam-se do estudo e dos resultados da psicologia. Com isso, pode-se construir a etologia (teoria do caráter) e a sociologia, como ciências dedutivas.

Liberal, individualista, inconformista, lutando contra a sociedade de seu tempo, pregando a sua reforma, Mill desejava que o bem individual coincidisse com o bem coletivo, mas sem choques, no qual seriam dominantes os valores morais e altruísticos.

Considerado o maior filósofo inglês do século 19, sua influência foi grande e duradoura, não só na Inglaterra, mas também nos EUA, em todos os campos intelectuais em que desdobrou sua atividade.

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