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José Maurício, padre Compositor brasileiro

22/9/1767, Rio de Janeiro (RJ)<p>18/4/1830, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

08/08/2005 17h48

Consta que o príncipe D. João 6º, emocionado ao ouvir a música do padre José Maurício em sua corte, arrancou a comenda de um nobre que estava próximo a ele e a pregou na batina do músico. O filho de José Maurício - José Maurício Nunes Garcia Júnior -, ao pintar o retrato do pai, não esqueceu de acrescentar à pintura a comenda na batina.

Filho de mestiços, um alfaiate e uma filha de escravos, José Maurício Nunes Garcia iniciou-se cedo na vida musical. Autodidata, aprendeu a tocar diversos instrumentos. Aliando uma natural inclinação religiosa com a oportunidade de estudar música, José Maurício entrou para a ordem dos jesuítas. Estudou teoria musical com o maestro Salvador José e, durante dois anos, foi aluno do poeta Silva Alvarenga no estudo das humanidades.

Sua inclinação para a composição logo foi notada. Seguindo costume da época, compunha partituras conforme encomendas que lhe eram feitas. Foi nomeado Mestre de Capela da antiga Catedral da Sé.

Com a transferência da corte de D. João 6º para o Rio de Janeiro, em 1808, padre José Maurício foi convidado para ser Mestre da Capela Real.

A chegada ao Brasil do compositor lusitano Marcos Portugal fez com que a responsabilidade musical ficasse dividida. Enquanto Portugal passou a dedicar-se à música profana, no Teatro de São João, padre José Maurício tornou-se responsável pela música sacra. A rivalidade entre os dois iria perdurar ao longo dos anos.

Padre José Maurício deixou um grande número de composições, que, segundo especialistas, teriam chegado ao número de 400 peças, mas a grande maioria se perdeu. Maurício compôs uma grande variedade de te-déuns, modinhas, antífonas, responsórios, peças teatrais, sonatas, hinos e modinhas. Seu famoso "Réquiem" foi considerado pelo escritor Mario de Andrade uma das obras-primas da música religiosa no Brasil.

Em 1820, com a volta da corte de D. João 6º para Portugal, a vida cultural do Rio de Janeiro sofreu um grande declínio. As atividades musicais do padre José Maurício ressentiram-se da ausência de seu mecenas.

José Maurício compôs uma de suas últimas peças em 1826, a "Missa de Santa Cecília". Empobrecido e esquecido, o compositor morreu em 1830. Teria sido enterrado na igreja de Sacramento, na Avenida Passos, no Rio de Janeiro.