Lênin (Vladimir Ilitch Ulianov) Político e revolucionário russo
22/4/1870, Simbirsk, hoje Ulianov, Rússia<p>21/1/1924, Gorki, perto de Moscou, Rússia.
Lênin era filho de Ilia Ulianov, um alto funcionário do governo russo, quase um membro da nobreza. Sua origem familiar, tanto pelo lado paterno quanto materno, foi sempre um grande embaraço aos biógrafos da Rússia pós-Revolução Soviética, pois além da posição social, o fundador da União Soviética tinha ascendência de mongóis e judeus.
Durante a adolescência, orgulhava-se das suas origens nobres, segundo o historiador Orlando Figes, da Universidade de Cambridge, um dos maiores estudiosos da história da Rússia. Somente com a execução do irmão Alexandre - envolvido em um grupo terrorista que tentou assassinar o czar - foi despertada a ira de Vladimir Ulianov contra o regime autocrático em seu país.
Sua atividade revolucionária teve início na década de 1890, quando formou um grupo marxista em São Petersburgo (depois Petrogrado), no qual conheceu Nadejda Krupskaya, que viria a se tornar sua esposa. A tarefa que Lênin tomou para si, inicialmente, foi adaptar a teoria marxista do século 19 à realidade russa do século 20 e provar que - ao contrário das teses de Marx - uma revolução comunista era possível também num país como a Rússia, onde o capitalismo mal dava seus primeiros passos.
Além disso, propôs a tese do "centralismo democrático", segundo a qual os marxistas podem discutir livremente entre si antes de agir, mas, na hora da ação, sua obrigação é obedecer, com disciplina militar, à liderança partidária.
Eram vários os grupos revolucionários que atuavam na Rússia no início do século 20. Lênin tentou promover a união dos marxistas russos, mas suas posições duras e radicais acabaram por dividir o Partido Social Democrata Russo em duas facções, o grupo menchevique, de caráter mais moderado, e o grupo bolchevique, leninista e radical.
A chamada revolução russa, de 1917, aconteceu em meio à Primeira Guerra Mundial, da qual a Rússia participava e de maneira desastrosa. Esse foi o grande estopim do descontentamento popular contra o governo czarista, que viu seus próprios soldados se voltarem contra si. Foram os jovens soldados, mais do que os camponeses e operários, que promoveram a revolução democrática de março de 1917, que acabou levando ao poder o líder menchevique Alexander Kerensky, que, sob o título de Ministro-presidente, proclamou a República na Rússia.
O governo provisório de Kerensky, no entanto, não retirou o país da guerra, de modo que ele permaneceu num estado anárquico, marcado pela disputa de poder entre os sovietes (conselhos populares), pelas greves, pelas manifestações de protesto e pelos motins dos soldados. Nessa atmosfera, Lênin e seus partidários, Stálin e Trotsky, reivindicavam "todo o poder aos sovietes "e comandaram uma insurreição que depôs Kerensky e elegeu o primeiro governo soviético, constituído exclusivamente por bolcheviques.
Era o início da ditadura de um partido único, que esmagaria com violência qualquer oposição. Para isso, Lênin criou a Tcheka - uma polícia política secreta, cujos espiões não só tinham plenos poderes como deles usavam e abusavam.
O novo regime promoveu o armistício com a Alemanha, em março de 1918, mas a Rússia já se encontrava em estado de guerra civil, com os "brancos" (contra-revolucionários) enfrentando os "vermelhos". Para enfrentar a situação, Lênin instituiu o chamado "comunismo de guerra" (1918-1921), mas a situação só começou a se amenizar quando ele organizou a NEP (Nova Política Econômica), que marcou um retorno parcial à economia capitalista.
Em maio de 1922, Lênin foi acometido por uma crise de hemiplegia e teve de se afastar do poder, pelo qual competiam seus companheiros mais próximos, Stálin e Trotsky, adversários ideológicos e pessoais. Lênin morreu dois anos depois.
Atribuídos exclusivamente a seu sucessor, Stálin, pelos intelectuais ocidentais durante décadas, o caráter ditatorial e os crimes políticos do governo de Lênin só foram revelados (e ainda parcialmente) com o fim do regime soviético em 1991.