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Luís 14 Rei da França

5 de setembro de 1638, Saint-Germain en Laye (França)

1 de setembro de 1715, Versalles (França

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

27/08/2008 14h06

O reinado de Luís 14 é o protótipo da monarquia absoluta na Europa. A frase "O Estado sou eu", atribuída a ele, é considerada por alguns pesquisadores como uma imprecisão histórica, mas reflete perfeitamente o governo desse monarca que colocou a França em uma posição de predominância na Europa, não só em termos políticos, mas também culturais.

Com Luís 14, a Europa passaria não só a temer a França, mas também a admirá-la por sua cultura e pelo estilo de vida de sua nobreza. O francês se converteria, então, na língua de toda a elite européia, incluindo a Rússia.

O filósofo Leibniz se referiria a Luís 14 como "um dos maiores reis que jamais existiram". E, de fato, esse monarca passaria à história conhecido pelo epíteto de Rei Sol. Voltaire compararia Luís 14 ao imperador Augusto, de Roma, referindo-se ao seu reinado como "uma época eternamente memorável", "O Grande Século".
 

Absolutismo

Rei da França entre 1643 e 1715, Luís 14 sucedeu no trono seu pai, Luís 13. Antes de sua maioridade ser declarada, a regência ficou a cargo da mãe, Ana d'Áustria, e do primeiro-ministro, cardeal Mazzarin.

Casado, em 1650, com a infanta Maria Teresa, filha de Filipe 4º, da Espanha, o jovem monarca revelou-se enérgico e autoritário, decidindo extinguir o regime ministerial e concentrar todo o poder em suas mãos.

Foi assessorado no governo por um chanceler, um controlador-geral das finanças e quatro secretários de Estado, todos eles submetidos a um conselho central dirigido pelo próprio rei. Assim, Luís 14 reinou sob a égide do absolutismo monárquico, baseado no "direito divino dos reis", definido por Bossuet em seu livro Política tirada da Sagrada Escritura.

Luís 14 dirigia pessoalmente a administração, controlando o alto conselho e os organismos do poder executivo a este subordinados (conselhos de finanças, justiça e despachos). Nenhum dos seus secretários de Estado tinha autonomia ou qualquer distinção especial.

Seu ministro das finanças, Jean Baptiste Colbert, pertencente à burguesia, desenvolveu o mercantilismo, aumentando a reserva monetária, controlando a produção, reduzindo as importações e expandindo as exportações, sob um regime protecionista.
 

Política externa

Luís 14 atuou no sentido de romper o equilíbrio entre as potências européias e, ao mesmo tempo, estabelecer a hegemonia francesa. Com a morte de seu sogro, Filipe 4º, invocou o direito de sua esposa ao trono espanhol, iniciando a Guerra da Devolução, concluída em 1668 com o tratado de Aix-la-Chapelle.

A rivalidade comercial o levou também a invadir os Países Baixos. A paz foi assinada em 1678, com a concessão à França de várias regiões da Flandres. Essas guerras consolidaram o poder militar do reino.

A sorte se voltaria contra Luís 14 a partir de 1686, quando se forma a Liga de Augsburg, reunindo vários países europeus contrários à política de anexação territorial da França. O monarca foi praticamente forçado a assinar o Tratado de Rijswijk, de 1697, que o obrigava a devolver vários territórios. Mais tarde, assinaria os tratados de Utrecht e Rastatt, fazendo novas concessões.
 

Questões religiosas

Apegado ao seu poder absoluto, Luís 14 via os protestantes como rebeldes potenciais. Assim, revogou o Edito de Nantes, que dava liberdade de culto a eles, o que provocaria um êxodo de nobres e burgueses huguenotes (protestantes que seguiam a linha calvinista), além de atiçar contra a França a ira dos Estados europeus protestantes.

O absolutismo de Luís 14 também gerou dificuldades junto ao papado. Em 1664, chegou a ameaçar o próprio papa, Alexandre 7º, por acreditar que seu embaixador havia sido destratado no Vaticano. Também enfrentou o papa Inocêncio 11º, exigindo manter o direito de indicar os ocupantes de cargos religiosos.
 

Glória cultural e amantes

Luís 14 instituiu um regime de mecenato (apoio financeiro a artistas), por meio do qual prestigiou o balé, a ópera, o teatro, a pintura e a arquitetura. Na literatura, favoreceu escritores que se tornaram clássicos e, até hoje, são uma referência fundamental: Corneille, Racine, Molière, Boileau e La Fontaine, dentre outros.

Luís 14 alternou a severidade política não só com o gosto pelos espetáculos e pela arte, mas também pelas festas e pelas mulheres. Teve amantes famosas, como Luísa de La Vallière e Madame de Montespan. Inclusive, casou-se secretamente com uma delas, Madame de Maintenon, que exerceu grande influência em suas decisões.

Os últimos anos de seu reinado foram difíceis. Além dos problemas econômicos, provocados, em grande parte, pelos altos custos da guerra contra a Espanha, o rei se tornou impopular pelo fato de criar sucessivos impostos, isentando deles o clero e a nobreza.

Pouco antes de morrer, Luís 14 teria dito: "Eu parto, mas o Estado sempre permanecerá".
 

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