Mãe Menininha do Gantois Iyalorixá (mãe-de-santo) brasileira
10/02/1894, Salvador (BA)
13/08/1986, Salvador, (BA)
Escolástica Maria da Conceição Nazaré, filha de Oxum, era do terreiro do Gantois. Considerada a grande mãe-de-santo do Candomblé no Brasil, Menininha do Gantois foi uma grande líder espiritual que ajudou a tornar mais aceita a religião herdada de seus ancestrais africanos.
"Menininha" foi o apelido que a avó deu a menina pobre da periferia de Salvador, que dava aos bonecos improvisados os nomes das divindade do Candomblé: Oxossi, Ogum, Oxum e outros. Além disso, desde pequena gostava de jogar búzios. Era bisneta de Maria Júlia da Conceição Nazaré, que havia fundado, em meados do século 19, o Ilê Iya Omin Axé Iyamassê, mais conhecido como terreiro do Gantois (nome do antigo proprietário francês do terreno).
Sob a orientação das mulheres da família, Menininha foi iniciada nos segredos da religião africana e preparada para o cargo que assumiria no futuro, de ialorixá (mãe-de-santo, na língua ioruba). Menininha trabalhou como costureira e aos 29 anos, casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, com quem teve duas filhas, Cleusa e Carmem.
Com a morte de sua tia-avó, mãe Pulchéria, segunda ialorixá a governar o Gantois, menininha assumiu a responsabilidade de administrar um dos terreiros mais antigos de Salvador, formar filhos-de-santo e ser a líder espiritual de centenas de pessoas.
Em 1924, prestes a completar 30 anos, Menininha mudou-se para o Gantois junto com o marido e a filha mais velha. A partir de então, passou a ser conhecida como Mãe Menininha do Gantois. Na época enfrentou preconceitos e perseguições e teve que se impor com sabedoria. Segundo a lei, as festas só poderiam ser realizadas em determinados horários e mediante uma autorização por escrito. Mas isso, não impedia que os policiais invadissem os terreiros, com violência.
Os anos de opressão só terminaram em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de Candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes. Com o passar do tempo, a popularidade de Mãe Menininha foi crescendo. Nos anos 80, turistas, políticos, artistas e intelectuais a procuravam em busca de conselhos, orientações ou informações para suas pesquisas.
A ialorixá também recebia as pessoas humildes e sempre oferecia café ou comida aos visitantes, fossem eles pobres ou chefes-de-Estado. Sua aversão à fama não impediu que recebesse diversas homenagens, especialmente de artistas e amigos ilustres. Entre elas, a mais conhecida é a música "Oração a Mãe Menininha", que Dorival Caymmi compôs em 1972.