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Maomé (Muhammad) Fundador árabe do islamismo, líder político e profeta da religião muçulmana

Cerca de 570 d.C., Meca, península Arábica (hoje Arábia Saudita)<p>632 d.C., Medina, Arábia Saudita

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

17/11/2005 12h08

A história do islamismo ou islã começou numa caverna na Arábia. Dentro dela, dormia o comerciante Maomé quando, segundo a tradição o arcanjo Gabriel apareceu e o mandou recitar, isto é, falar de coisas divinas. Isso foi por volta do ano 610 d.C.

A palavra islã significa submissão a Alá (Deus) e às suas leis. Por esse motivo, os islamitas, também chamados muslims ou muçulmanos, estão submetidos à vontade de Alá, que foi revelada a Maomé pelo anjo e está no livro sagrado, Alcorão ou Corão (Qur'Ân), que em árabe significa "A Recitação" (al é o prefixo árabe para o artigo "o" ou "a").

O Corão não foi escrito em sua forma final durante a vida de Maomé. Quando ele morreu tudo o que havia das revelações era um conjunto de fragmentos, escritos em pedra, em ossos, em folhas de palmeiras. A redação do livro sagrado só foi terminada no reinado do califa Omã (644-656 d.C.).

Em capítulos chamados suratas, o livro interpreta a fé, explica a história e dita as normas de vida, incluindo um código com punições para quem não seguir essas leis. As cinco obrigações principais do islamismo são: acreditar em Alá e no profeta Maomé; rezar cinco vezes por dia; jejuar durante o dia no mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã; dar esmola aos pobres; fazer uma peregrinação à cidade de Meca ao menos uma vez na vida.

Essas leis são seguidas hoje por mais de 1,3 bilhão de muçulmanos, os adeptos do islamismo, a religião que mais cresce no mundo. No entanto, Maomé não pensava em fundar uma nova crença. Ele se considerava um profeta na linha de Abraão, Moisés e Jesus, uma vez que falava do mesmo Deus que os judeus e os cristãos. O arcanjo Gabriel que ele vê na caverna é o mesmo anjo da Anunciação, que, na tradição cristã, contou a Maria que ela seria mãe do filho de Deus.

Não existem dados históricos sobre a vida do profeta. Seu nome completo era Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay - e passou à história como Muhammad: Maomé é a tradução para o português e não é bem vista no mundo muçulmano.

Sua biografia baseia-se nos hadith, uma vasta coleção de orientações e narrações deixadas por ele, que formaram as máximas da tradição muçulmana. Aos 20 anos, Maomé foi escolhido pela viúva Kadija como homem de confiança para acompanhar suas caravanas à Síria. Eles se casaram cinco anos depois.

A morte de Kadija e de seu tio e protetor Abu Talib, em 619, expôs o profeta e seus seguidores à hostilidade dos coraixitas, a tribo do próprio Maomé e que dominava sua cidade natal, Meca.

Pela cidade de Meca passavam rotas comerciais vindas do Mediterrâneo, do Extremo Oriente e da África oriental negociando especiarias, tecidos finos, ouro, marfim, escravos, cereais, azeite. A base da prosperidade local eram o comércio e o culto associados a seu santuário sagrado. Nesse templo construído em forma de cubo as tribos árabes guardavam as imagens e símbolos de seus deuses, a Caaba, a pedra negra meteórica que todos os árabes cultuavam como um presente do céu.

Maomé falou abertamente contra a idolatria, isto é, o culto a imagens, e contra os males sociais de seu tempo. Os coraixitas temeram que a nova crença destruísse os ídolos sagrados fizesse Meca perder seu atrativo de santuário religioso. Passaram a combater a nova doutrina e tentaram assassinar seu divulgador.

Maomé e seus seguidores tiveram que fugir da cidade, no ano de 622. Foram para Yathrib - que passaria a ser chamada Medina, a Cidade do Profeta. Foram muito bem acolhidos, mas não por acaso: havia interesse em abrigar o profeta e conquistar o mesmo status religioso da cidade vizinha e rival, Meca.

A partida de Meca é chamada de hijrah ou Hégira, palavra que significa exílio, fuga. Foi um momento decisivo na história do islã, simbolizando a passagem de uma cultura idólatra para uma civilização baseada na crença em um único deus, Alá. Os islamitas passaram contar o tempo a partir desse evento. No calendário muçulmano, o ano 622 da era Cristã tornou-se o ano zero.

Maomé saiu vitorioso de várias batalhas contra os coraixitas. Mas só conseguiu vencê-los em definitivo quando identificou o patriarca Abraão como o construtor da Caaba. Dessa forma, foram preservados o papel de centro religioso de Meca e os interesses da poderosa tribo.

Em 630, após a batalha de Hunayn, os governantes da cidade entregaram-na a Maomé. Sob suas ordens, os templos e ídolos da cidade foram destruídos, apenas a Caaba e a pedra negra foram preservados.

O monoteísmo (a crença em um só Deus) serviu como base de unidade em um mundo de relações complexas e instáveis nas tribos. A nova doutrina e a fé substituíram os laços de parentesco na hora de decidir quem era amigo ou inimigo, quem fazia ou não parte da sociedade. A essa comunidade espiritual denomina-se umma.

Quando morreu, o profeta havia unificado a península Arábica sob o lema: "Só há um Deus, e Maomé é seu Profeta" (La illa Allah, Mohammed rasul Allah).