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Marcos Cesar Pontes Primeiro astronauta brasileiro

11/03/1963, Bauru (SP)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

12/04/2006 13h05

Desde criança Marcos Pontes passava horas olhando para o céu. Gostava de ir ao Aeroclube de Bauru para ver a Esquadrilha da Fumaça e de visitar a Academia da Força Aérea, onde seu tio trabalhava. Seu pai, Virgílio de Pontes, era funcionário do Instituto Brasileiro do Café e sua mãe, Zuleika Navarro Pontes, funcionária da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).

Marcos estudou em escolas públicas em Bauru. Aos 14 anos matriculou-se no curso de formação profissional da Rede Ferroviária Federal & Senai e iniciou o curso de eletricista. Durante três anos ele trabalhou na RFFSA durante o dia, treinou judô no Sesi e fez o curso de técnico em eletrônica no Liceu Noroeste.

Em 1981 Marcos ingressou na Academia da Força Aérea, sendo classificado como o segundo colocado no país. Fez cursos de paraquedismo de emergência, sobrevivência no mar e também o seu primeiro voo, a bordo do Uirapuru PP-KBS. Nos anos seguintes conseguiu o sonhado "brevê" de piloto e a espada de oficial da Força Aérea Brasileira.

Após a conclusão do curso na AFA, Marcos foi designado para o curso de caça em Natal-RN. Foi nessa época que conheceu sua esposa Francisca de Fátima Cavalcanti, com quem iniciou uma vida em comum, num pequeno apartamento alugado. Em 1986, foi transferido para o "Esquadrão Centauro" em Santa Maria (RS), onde permaneceu por três anos e onde comemorou o nascimento de seu filho Fábio.

Em Dezembro de 1989 transferiu-se com a família para São José dos Campos onde cursou engenharia aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA. No ano novo de 1990, sua filha Ana Carolina nasceu.

Em 1994 iniciou o curso de ensaios em voo da Divisão de Ensaios em Voo do Instituto de Aeronáutica e Espaço - IAE/CTA. Entre 1994 e 1996 foi piloto de prova de aviões, chefe da Subdivisão de Sistemas Bélicos e da Subdivisão de Segurança de Voo. Participou em várias campanhas de ensaios em voo como o desenvolvimento do míssil ar-ar nacional - MAA1, testes de performance em manobra das aeronaves T-27 da Esquadrilha da Fumaça, F5-E Tiger, F-15 Eagle, F-16 Falcon, F-18 Hornet, Mig-29 Fulcrum, entre outras.

Em 1996 foi indicado para o mestrado na Naval Postgraduate School em Monterey na Califórnia. Levou a esposa, os dois filhos, cinco malas e um cachorro.

Em junho de 1998, Marcos foi selecionado para o programa espacial da NASA, para a candidatura a que o país tinha direito, pelo fato de integrar o esforço multinacional de construção da Estação Espacial Internacional (ISS). Iniciou o treinamento no Johnson Space Center, em Houston e em 2000 foi declarado "astronauta da NASA".

Enquanto esperava por ser lançado ao espaço, Pontes foi designado para o Escritório de Astronautas para Operações na Estação Orbital, onde trabalhou no setor de missões técnicas. Em outubro de 2005, durante uma visita oficial do presidente Luis Inácio Lula da Silva à Rússia, foi assinado um acordo de cooperação entre os dois países, possibilitando o envio de Marcos Pontes à Estação Espacial Internacional.

Entre outubro de 2005 e abril de 2006, na agência espacial de Roscosmos na Cidade das Estrelas, Rússia, o astronauta brasileiro se preparou para a missão Centenário, que recebeu esse nome em homenagem aos cem anos do vôo de Santos Dumont no avião 14 Bis, realizado em 1906.

Em 30 de março de 2006, Marcos Pontes, acompanhado do russo Pavel Vinogradov e do norte-americano Jeffrey Williams, partiu da base de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo da nave russa Soyuz TMA-8. A nave se aclopou à Estação Espacial na madrugada de 1º de abril. Durante um período de oito dias, Marcos Pontes realizou uma série de experimentos para a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Todos os brasileiros, incluindo seu pai, seu irmão Luiz Carlos e sua irmã Rosa Maria puderam acompanhar a missão pela televisão. Marcos retornou no dia 8 de abril na nave Soyuz TMA-7, junto com o russo Valery Tokarev e o americano William McArthur. Por sua simpatia Marcos Pontes foi comparado pela imprensa russa a Yuri Gagarin.

Alguns meses depois da viagem, deu baixa da Força Aérea Brasileira para dedicar-se a palestras e à vida profissional própria. O episódio gerou polêmica e o astronauta foi acusado injustamente de oportunismo. No entanto, Pontes justificou sua conduta comprovando que, por motivos inerentes à carreira militar, não podia mais ascender na hierarquia da FAB.