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Maurice Merleau-Ponty Filósofo francês

14 de março de 1908, Rochefort-sur-Mer (França)

3 de maio de 1961, Paris (França)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

28/01/2008 16h44

Maurice Merleau-Ponty nasceu em Rochefort-sur-Mer a 14 de março de 1908 e morreu em Paris a 3 de maio de 1961. Aluno da Escola Normal Superior, formou-se em filosofia em 1930. Lecionou no Liceu de Beauvais de 1931 a 1933, no Liceu de Chartres de 1934 a 1935 e na Escola Normal Superior de 1935 a 1939.

Foi mobilizado para a 2ª Guerra Mundial entre 1939 e 1940. Depois, ensinou durante quatro anos no Liceu Carnot e participou da resistência contra a ocupação nazista. Em 1945, quando se doutorou, foi nomeado diretor de cursos e conferências da Universidade de Lyon, da qual se tornou professor titular em 1948. Nessa época, fundou, com Jean-Paul Sartre, a revista Os tempos modernos, da qual foi assíduo colaborador.

Na Sorbonne, de 1949 a 1952, ocupou as cadeiras de psicologia e pedagogia, sendo eleito para o Colégio de França em 1952, onde lecionou até a data de sua morte.

"Gestalt", a consciência e o mundo

Para Merleau-Ponty, a compreensão das formas mais elementares do comportamento exclui a causalidade mecânica e o espaço geometricamente entendido, e implica o recurso a um "espaço ligado ao corpo como uma parte de sua carne", pois o objeto da ciência dos seres vivos é a apreensão daquilo que os torna vivos.

A teoria da "Gestalt" (forma), permitindo interpretar a forma como estrutura, facilita a compreensão fenomenológica do ser vivo, enquanto união dialética e indecomponível da alma e do corpo. As formas realizam, assim, uma síntese da natureza e da ideia, e são conjuntos de forças em estado de equilíbrio ou de mudança constante, de tal sorte que lei alguma pode ser formulada em relação às partes tomadas isoladamente, cada vetor sendo determinado, em grandeza e direção, por todos os outros.

Segundo Merleau-Ponty, o que há de profundo na ideia de "Gestalt" não é a ideia de significação, mas a de estrutura, de junção de uma ideia e uma existência indiscernível, que confere aos materiais um sentido, a "inteligibilidade em estado nascente".

No que se refere à análise da percepção, no pensamento do filósofo francês a fenomenologia se torna existencial, pressupondo apenas, como "lógos", o próprio mundo, e ensinando que filosofar é reaprender a ver o mundo, voltar às próprias coisas.

Em que momento a consciência se insere no mundo? A teoria clássica da percepção não o explica - e a psicologia não consegue descrever esse momento. Assim, não existe a "sensação pura", o azul sem o céu, o amarelo sem o reflexo nervoso. A sensação se insere sempre num "campo", no qual é espontaneamente interpretada.

A percepção que funda e inaugura o conhecimento, implica a significação do percebido, condição de todas as associações apreendidas como conjunto. Perceber também não é lembrar-se, porque invocar a lembrança pressupõe o que se pretende explicar por seu intermédio.

Na opinião de Merleau-Ponty, o mundo humano é um "intermundo", no qual a transcendência dos outros seres humanos é mais "resistente" que a dos objetos, porque os outros são consciência e liberdade. Para os outros, nós somos "pedaços de mundo", e a relação entre as consciências e a relação dialética do senhor e do escravo.

Não há, pois, apenas homens e coisas, mas também esse "intermundo" que chamamos de história , simbolismo, verdade a fazer, cuja mola não seria a negação pura, mas a promessa de "sentido", que subsiste apesar dos mais graves "contra-sensos", e representa a esperança da humanidade.

Embora interrompida por sua morte prematura, a obra de Merleau-Ponty representa importante contribuição ao desenvolvimento da fenomenologia. Filósofo do "sentido", ele foi dos primeiros a interessar-se pela lingüística positiva. Procurando revelar a dialética que articula o sentido proferido com o que se acha implícito em nosso comportamento e nas coisas, Merleau-Ponty abriu novas e fecundas perspectivas à pesquisa fenomenológica.

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