Maurício de Nassau Nobre alemão-holandês, Governador da colônia holandesa no Recife
17/06/1604, Dillenburg, atual Alemanha
20/12/1679, Kleve, atual Alemanha
Pouco se sabe sobre a infância e a juventude do conde Johann Moritz of Nassau-Siegen, que nasceu em Dillemburg, na Alemanha, em 17 de junho de 1604. O personagem tem um lugar especial na História do Brasil. Conhecido pelo nome "brasileiro", Maurício de Nassau, ele governou a colônia holandesa no Nordeste do Brasil, com a capital em Recife, de 1637 a 1644.
Sua administração tornou-se conhecida pelos trabalhos de cientistas e artistas que o acompanharam e, sob seu patrocínio, exploraram e pintaram a nova terra, suas belezas naturais e seus habitantes. Esses trabalhos são apreciados ainda hoje. Tanto, que 2004 foi escolhido para ser o Ano de Nassau, no Brasil, na Alemanha e na Holanda, em homenagem aos 400 anos de seu nascimento.
Como muitos membros da família Nassau, o conde Johann Moritz seguiu a carreira militar a serviço do Estado holandês, depois de receber educação humanística nas Universidades de Basileia e Genf. Nassau era de origem alemã, nascido numa cidade perto de Frankfurt e de Siegen. Era de uma família nobre que tinha dois ramos, um alemão e outro holandês.
Ele trabalhava para a Companhia das Índias Ocidentais ou WIC (sigla de West-Indische Compagnie, no idioma neerlandês ou holandês), quando veio administrar a colônia da Nova Holanda no Brasil, aos 33 anos de idade. Os diretores da WIC convenceram o governo holandês da importância do comércio do açúcar para a sua economia.
O passo seguinte foi a invasão do território brasileiro. Primeiro os holandeses tentaram a Bahia, mas foram repelidos. Depois, conquistaram Pernambuco e se instalaram na região, em Olinda e Recife. De lá expandiram sua ocupação até o atual território de Sergipe, ao sul, e, ao norte, pelos atuais estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Nomeado governador, Nassau era estrangeiro, invasor e protestante, numa terra de colonizadores católicos portugueses. Mas cativou de tal forma a população que esta o ajudava espontaneamente em suas obras para modernizar a cidade, e mantinha boas relações com os senhores de engenho. Conta-se que quando o governador quis construir um zoológico, a população doou uma grande quantidade de animais selvagens, sem que Maurício pedisse. Suas realizações durante sua estadia no Brasil ultrapassaram as atribuições normais de um governador.
Ao contrário do que era costume na época, ele se recusou a explorar a colônia apenas em benefício da WIC. Ao invés disso, sua maior preocupação foi promover o bem-estar dos habitantes e preservar a terra. Humanista, Nassau estimulou as ciências e as artes. Fez construir um observatório astronômico, criou um jardim botânico e trouxe em sua comitiva mestres da pintura flamenga como Frans Post e Albert Eckout, além de diversos artistas e cientistas, convidados a se juntar a ele num grande projeto que definiu como "exploração profunda e universal da terra".
Essa iniciativa teve especial importância, porque foi a primeira da época e tornou disponíveis várias informações sobre o Brasil para a Europa ocidental. Não foram apenas tratados científicos em publicações acadêmicas, mas pinturas e desenhos que podiam ser entendidos pelo grande público.
Os senhores de engenho haviam feito empréstimos com os holandeses, a fim de aumentar sua produção de açúcar. Mas o preço do produto caiu no mercado internacional e a WIC decidiu cobrar, de uma só vez, o dinheiro emprestado, e com juros muito altos. Nassau, que havia fracassado em nova tentativa de ocupar a Bahia, não concordou com essa forma de cobrança e entrou em conflito com a Companhia, entregando o cargo para voltar à Europa, em 1641.
Sua saída estimulou a Insurreição Pernambucana: os donos de terras, unidos aos negros e aos índios, lutaram durante 9 anos para expulsar os holandeses, vencendo em 1654.
De volta ao continente europeu, Johann Moritz voltou ao serviço militar na Holanda e chegou a marechal. Passou a residir em Haia, capital administrativa holandesa, onde viveu no palácio do governo, que transformou numa verdadeira galeria de arte. Quando foi regente do principado de Brandenburgo (1647), Nassau executou um programa de modernização da residência oficial, em Kleve, cidade fronteiriça com a Holanda.
Ainda hoje, seu projeto paisagístico, o sistema de jardins e parques desenhado por ele, com avenidas, canais e pistas, dá à cidade alemã uma característica especial. Nessa época, seu feito principal foi ter representado o príncipe eleitor de Brandenburgo na escolha do imperador alemão.
Ligou-se ao príncipe da Prússia e lutou pelos holandeses contra o rei francês Luís 14 em 1672. Como era conde de Nassau, família pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico foi agraciado com o título de príncipe desse império.
Num jardim público em Kleve, está o imponente mausoléu de ferro que Nassau idealizou e onde foi sepultado. Morreu de causas naturais em 20 de dezembro de 1679, aos 75 anos.