Miguel Arraes Político brasileiro
15/12/1916, Araripe, Ceará
13/08/2005, Recife
Cearense que fez carreira política em Pernambuco, Miguel Arraes de Alencar foi um dos maiores expoentes da esquerda brasileira. Formado em direito, Miguel Arraes foi deputado estadual, federal e governador de Pernambuco por três vezes. Em seu primeiro mandato como governador, foi deposto pelos militares e teve de se exilar na Argélia em 1965, de onde somente retornou para o Brasil 14 anos depois, beneficiado pela Lei da Anistia.
A sua carreira política começou em 1948, quando foi nomeado secretário da Fazenda de Pernambuco pelo então governador Barbosa Lima Sobrinho. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual suplente pelo PSD (Partido Social Democrático) e, em 1950, tomou posse na Prefeitura de Recife, após vencer as eleições municipais.
Em 1961, um ano antes de vencer o governo estadual pela primeira vez, Miguel Arraes ficou viúvo de Célia de Souza Leão, sua primeira mulher, com quem teve oito filhos. No dia 7 de outubro de 62, já um político muito popular em todo o Brasil, foi eleito governador de Pernambuco. No mesmo ano, casou-se com Maria Madalena Fiúza, com quem teve dois filhos.
Mitificado em praticamente todo o interior de Pernambuco, onde sempre foi considerado defensor intransigente dos pobres, Miguel Arraes foi deposto no dia 1º de abril de 1964, após anunciar publicamente que não renunciaria ao cargo de governador. Preso, foi levado para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu quase um ano, antes do exílio.
No dia 15 de setembro de 1979, aconteceu o retorno triunfal de Miguel Arraes ao Brasil. Ao desembarcar em Recife, foi carregado por uma multidão pelas principais ruas da capital pernambucana. Em 1982, foi eleito deputado federal pelo PMDB pernambucano e apoiou o ex-senador Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. No ano seguinte, pela segunda vez, Arraes venceu as eleições para o governo pernambucano, derrotando José Múcio Monteiro. Em 94, retornou ao poder pela terceira vez, ganhando a eleição de Gustavo Krause, que à época era do PFL, assim como José Múcio Monteiro.
Ao tentar a reeleição em 98, Miguel Arraes foi derrotado por Jarbas Vasconcelos, que era do PMDB, seu ex-aliado. Antes, em 1990, deixou o PMDB e filiou-se ao PSB (Partido Socialista Brasileiro). Em 2002, o ex-governador disputou pela última vez um cargo público e se elegeu deputado federal por Pernambuco. Quando morreu, no dia 13 de agosto de 2005, de infecção generalizada, Miguel Arraes era presidente nacional do PSB. O parlamentar ficou internado durante 57 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Esperança. O seu velório, realizado no Palácio das Princesas, sede do governo de Pernambuco, reuniu políticos de todas as tendências. Entre eles, estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fumante por 72 anos, Miguel Arraes foi hospitalizado no dia 17 de julho de 2005, inicialmente com suspeita de dengue. No hospital, o ex-governador apresentou problemas cardíacos e renais e foi submetido a uma traqueoscopia e duas cirurgias para conter hemorragias no duodeno e no pulmão esquerdo. Submetido a vários tratamentos, não resistiu e morreu no dia 13 de agosto de 2005, sendo enterrado em Recife.