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Nelson Rodrigues Dramaturgo brasileiro

23/8/1912, Recife (PE)

21/12/1980, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 - Pedagogia & Comunicação

10/08/2005 15h05

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." Esta colocação de Nelson Rodrigues define e resume não só a maneira como se vê enquanto escritor, mas sua concepção do fazer literário.

Nelson Rodrigues era filho do jornalista Mario Rodrigues, e teve treze irmãos. Aos quatro anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Aos sete anos, redigiu seu primeiro texto ficcional na escola, sendo premiado num concurso de redação.

Em 1925, aos treze anos, Nelson iniciou sua carreira jornalística, como repórter policial no jornal de seu pai, "A Manhã". Dois anos depois, abandonou a escola, na terceira série do curso secundário.

Em 1929 perdeu seu irmão, Roberto, assassinado na redação do jornal "A Crítica". Dois meses depois, seu pai também morreu. Em 1932, Nelson Rodrigues conseguiu um emprego com carteira assinada no jornal "O Globo", de Roberto Marinho, com um salário de quinhentos mil réis.

Contraindo tuberculose, foi para um sanatório em Campos do Jordão em 1934, onde passou um ano internado.

Em 1940 casou-se com Elsa, com quem viveu durante 22 anos. O casamento civil foi escondido da família e o casal teve dois filhos, Jofre e Nelsinho. No ano seguinte, Nelson Rodrigues escreveu sua primeira peça, "A Mulher sem Pecado". Em 1943 saiu "Vestido de Noiva", que se tornou um clássico da dramaturgia brasileira. Foi encenada pelo diretor polonês Ziembinski.

A partir daí, Nelson passou a ser considerado o fundador do moderno teatro do Brasil. Com o sucesso da peça, Nelson foi convidado a trocar a redação de "O Globo" pelos "Diários Associados", com um salário sete vezes maior.

Começou a escrever folhetins para "O Jornal", sob o pseudônimo de Suzana Flag. A coluna tornou-se um grande sucesso, ninguém sabia que o autor era Nelson Rodrigues. Com o pseudônimo de Suzana Flag, Nelson publicou sete livros, entre 1944 e 1953, entre os quais "Meu destino é pecar" e "Núpcias de Fogo". Publicou ainda um livro que assinou como Mirna, "A mulher que amou demais".

De 1951 a 1961 assinou uma coluna no jornal "Última Hora", chamada "A vida como ela é".

"A Falecida", foi escrita em 1953. Seguiram-se várias peças de sucesso: "Perdoa-me por me Traíres", "Viúva, Porém Honesta", "Dorotéia", "Os Sete Gatinhos", "Engraçadinha" e "Boca de Ouro".

Em 1960 Nelson Rodrigues publicou "Beijo no Asfalto". Em 1963 separou-se de Elsa e passou a viver com Lucia Cruz Lima, com quem teve uma filha, Daniela. Dois anos depois escreveu "Toda Nudez será Castigada".

Em 1970 Nelson separou-se de Lucia e casou-se com Helena Maria, trinta e cinco anos mais jovem. A partir de 1972, Nelson Rodrigues acompanhou a prisão, os percalços e a luta pela anistia de seu filho Nelsinho, que vivia na clandestinidade e combatia o regime militar. Nesta década escreveu ainda suas duas últimas peças: "O Anti-Nelson Rodrigues" e "A Serpente".

As peças de Nelson Rodrigues foram montadas inúmeras vezes e transformadas em filmes de sucesso. Além da obra em teatro e de seus folhetins, Nelson Rodrigues deixou centenas de contos e crônicas considerados magistrais, que foram depois reunidos em livros.

Morreu aos 68 anos, em conseqüência de muitos problemas de saúde, entre os quais trombose e insuficiência. pulmonar.