Nicolau de Cusa Cardeal, teólogo e filósofo alemão
1401 d.C., Cusa (Alemanha)
1464 d.C., Todi, Úmbria (Itália)
Nicolau Krebs nasceu em 1401 em Cusa, de família modesta. Recebeu sua primeira educação em Deventer, junto aos "Irmãos da vida comum", que cultivavam o ideal da devoção, sendo assim, desde muito jovem, influenciado pelo misticismo alemão. Estudou direito em Heidelberg e, de 1418 a 1423, em Pádua, onde completou o doutorado.
Ordenado padre, teve participação notável no concílio de Basileia (1432). Nessa ocasião, escreveu "De Concordantia Catholica" (1433), obra em que pregava a unidade da Igreja católica e a concordância de todas as fés cristãs.
As obras fundamentais de Nicolau de Cusa são três: "De Docta Ignorantia", "De Conjecturis" e "Apologia Doctae Ignorantiae", que tratam de Deus, do mundo e do homem. "De Docta Ignorantia" é "a primeira obra clássica alemã, que, de fato, fundou a filosofia moderna", segundo Hoffmann.
Suas influências principais são o misticismo alemão (Mestre Eckart), o platonismo e o neoplatonismo cristão (Santo Agostinho, Pseudo Dionísio, Scoto Erígena, São Boaventura), e os autores de tendência neoplatônica em geral.
Nicolau de Cusa admite, acima dos sentidos, dois graus do saber: a ratio e o intellectus. A ratio, ou intelecto discursivo, é a faculdade de abstrair das noções particulares os conceitos universais e formar, em seguida, juízos e raciocínios. Acima da ratio está o intellectus, atividade supra-racional iluminada pela fé ou pela mística, cujo objeto próprio é o Uno, Deus. Seu conceito de docta ignorantia consiste precisamente na consciência dos limites e da relatividade da ratio, cujas deficiências são supridas pelo intellectus.
Nicolau de Cusa foi nomeado cardeal em 1448 pelo papa Pio 2 e, em 1450, torna-se bispo de Brixen. O próprio Pio 2 lhe confia a administração dos Estados pontifícios, tarefa que o ocupará até o fim da vida. Morre em Todi em 1464, durante os preparativos de uma cruzada promovida pelo papa contra os turcos.
Fonte: "Dicionário dos Filósofos", Denis Huisman, Martins Fontes, 2001