Niels Henrik David Bohr Físico dinamarquês
07 /10/1885, Copenhague, Dinamarca
18 /11/1962, Copenhague, Dinamarca
"Conta-se que Niels Bohr mandou pendurar uma ferradura na porta de sua casa. Associar uma ferradura à sorte não passa de uma superstição e Bohr podia ser qualquer coisa, menos supersticioso. Um dia, ele recebeu a visita de um amigo que ficou espantado com a ferradura na porta e lhe perguntou: 'Quer dizer que você acredita nessas coisas?' E Bohr respondeu: 'Não. Mas me disseram que apesar disso a coisa funciona mesmo.'"
Essa anedota encontra-se em "O Mundo de Sofia", livro de Jostein Gaardner, e dá uma idéia do bem-humorado ceticismo de Bohr, prêmio Nobel de física de 1922, que é considerado o maior nome da disciplina no século 20, depois de Einstein.
Nascido em Copenhague, Bohr teve uma infância segura e feliz, em ambiente familiar culto e economicamente confortável. O pai, Christian Bohr, professor de fisiologia da Universidade de Copenhague, era cientista de renome internacional. A mãe, Ellen Adler Bohr, pertencia a uma das mais ilustres famílias judias da Dinamarca.
Ainda estudante na Universidade de Copenhague, Bohr recebeu a medalha de ouro da Real Academia Dinamarquesa de Ciências e Letras. Aos 26 anos, já era doutor, com uma tese sobre o movimento dos elétrons nos metais, trabalho em que começava a apontar a inadequação da física clássica para lidar com fenômenos em escala atômica. Sua formação prosseguiu em grande estilo, com uma bolsa da Fundação Carlsberg para estudar em Cambridge, Inglaterra. Ali esperava trabalhar com Joseph Thomson, descobridor do elétron, em 1896, e Prêmio Nobel de física de 1906.
Em 1912, Bohr se mudou para Manchester e se reuniu ao grupo de físicos que, liderados por Ernest Rutherford, avançava nas pesquisas sobre o interior do átomo. O neozelandês Rutherford imaginava o átomo como um sistema solar, no qual o núcleo atômico fazia o papel do Sol e os elétrons, o papel dos planetas. Esse modelo contradizia as leis do eletromagnetismo clássico.
Em 1913, tomando por base o modelo atômico proposto por Rutherford e aplicando a teoria dos "quanta", Bohr estabeleceu os princípios básicos de sua teoria atômica. De início admitiu que o elétron só pode se deslocar em certas órbitas estáveis ou quânticas. Determinou então que a circulação de um elétron numa órbita estável não é acompanhada de emissão de energia. A emissão só ocorre quando o elétron salta de uma órbita estável para outra órbita, também estável, mas de menor energia.
Embora original, a primeira hipótese de Bohr era perfeitamente conciliável com os postulados da física clássica. O mesmo, porém, não ocorria com os dois outros conceitos, os quais colidiam com as leis do eletromagnetismo aplicadas à constituição dos átomos. Seu trabalho, publicado em 1913, causou grande impressão no mundo científico. A nova teoria revolucionou o a física atômica.
Prêmio Nobel
Desenvolvendo suas idéias, Bohr estabeleceu mais tarde que, para os fenômenos que se verificam na escala atômica, qualquer tentativa de determinação de uma grandeza típica de um dado sistema concorre para perturbar, de modo desconhecido e imprevisível, outras grandezas suscetíveis de caracterizar esse sistema. Essa e outras teses apresentadas por Bohr foram discutidas no Instituto de Física Teórica em Copenhague, que se tornara centro mundial de estudos de física atômica.
Em 1922, Bohr recebeu o Prêmio Nobel de física. No decênio de 1930 suas teorias sobre mecânica quântica contribuíram decisivamente para as primeiras tentativas de fissão nuclear. Em 1943, Bohr escapou do nazismo com sua família, fugindo para a Suécia e daí para os EUA.
Nos últimos anos, ele apresentou várias proposições para a criação de uma laboratório europeu de física nuclear, advertindo os estadistas da necessidade da concentração de esforços de toda a humanidade para a utilização pacífica do extraordinário poder da energia atômica. Em carta pública à ONU, clamou pela construção de um "mundo aberto", convencido de que o livre trânsito de pessoas e idéias era indispensável ao controle da energia nuclear.
Com a teoria da relatividade, Einstein revolucionou conceitos fundamentais da física, mas até o final de sua vida ele se manteve fiel a um pressuposto da visão de mundo clássica: o de que as leis da natureza determinam vigorosamente os fenômenos, e que o cientista pode conhecer tais leis com total objetividade. Foi exatamente isso que Bohr abandonou na chamada interpretação de Copenhague da mecânica quântica.
Niels Bohr morreu de um ataque cardíaco, aos 77 anos.