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Oscar Niemeyer Arquiteto brasileiro

15/12/1907, Rio de Janeiro (RJ)

05/12/2012, Rio de Janeiro (RJ)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

06/03/2006 09h51

O Brasil conquistou seu lugar na história da arquitetura mundial graças a Oscar Niemeyer Ribeiro Soares Filho, cujas obras - prédios-esculturas - estão presentes não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países.

Apesar de sua preocupação com a funcionalidade das obras que criou, sua atenção à estética é mais que evidente. A maioria dos arquitetos reconhece nele um desenhista extraordinário. Além disso, em geral se associou a grandes artistas plásticos para completar suas construções: Cândido Portinari, Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti, Burle Marx e Tomie Othake.

Niemeyer matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1929. Obteve o diploma de engenheiro arquiteto em 1934. Dois anos depois, já trabalhava no escritório de Lúcio Costa, integrando a equipe que projetou o prédio do Ministério da Educação, um marco da arquitetura brasileira.

Le Corbusier e Juscelino

Através de Lúcio Costa, conheceu o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, que foi uma influência definitiva na sua vida e com quem teria oportunidade de colaborar. Também com Lúcio Costa, viajou para Nova York em 1939 para projetar o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial que acontecia naquela cidade.

O ano seguinte reuniu Niemeyer ao político Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, que o convidou para projetar o Conjunto da Pampulha - obra que o arquiteto até hoje considera uma de suas favoritas.

Niemeyer ingressou no Partido Comunista Brasileiro em 1945 e essa opção política veio a lhe criar diversos problemas. Em 1946, foi convidado a dar um curso na Universidade de Yale nos Estados Unidos, mas não pôde entrar no país. No entanto, no ano seguinte, ganhou por unanimidade o concurso para a construção da sede da Organização das Nações Unidas em Nova York e obteve o visto de entrada para desenvolver seu projeto.

No início da década de 1950 projetou o parque do Ibirapuera e o Edifício Copan, que se tornariam cartões-postais da cidade de São Paulo. Também viajou pela primeira vez à Europa, participando do projeto para a reconstrução de Berlim.

Um monumento no planalto Central

Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência da República em 1º. de janeiro de 1956. Entre outros projetos, pretendia construir uma nova capital no planalto Central do país e encarregou Niemeyer de organizar o concurso para a escolha do plano-piloto de Brasília, vencido por Lúcio Costa.

Em poucos meses, Oscar Niemeyer projetou o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional, a Catedral, os prédios dos Ministérios, além de edifícios residenciais e comerciais da nova capital, inaugurada em 21 de abril de 1960, embora as festividades tivessem começado na véspera.

No início dos anos 60, foi nomeado coordenador da Escola de Arquitetura da recém-fundada UnB (Universidade de Brasília), que tinha como reitor o antropólogo Darcy Ribeiro. Em 1964, foi surpreendido em Israel pela notícia do golpe militar de 31 de março no Brasil. Ao retornar ao país, em novembro, foi chamado a depor no famigerado DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, um dos principais órgãos de repressão política da ditadura militar.

Exílio e abertura

Em 1965, juntamente com outros 200 professores, Niemeyer deixou a UnB em protesto contra a nova política universitária do governo. Praticamente impedido de trabalhar no Brasil, o arquiteto transferiu-se para Paris, onde projetou a sede do Partido Comunista Francês. Além de projetos na Itália (sede da Editora Mondadori) e na Argélia (Universidade de Constantine, Mesquita de Argel), acompanhou exposição sobre sua obra na Europa.

No início da década de 1980, com o abrandamento ou distensão política da ditadura militar, a chamada "abertura lenta, segura e gradual", Oscar Niemeyer voltou ao Brasil. Em 1980 mesmo, projetou o Memorial Juscelino Kubitschek em Brasília. Quatro anos depois, sob o governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, projetou o Sambódromo. Em 1987, o Memorial da América Latina em São Paulo.

Sua produtividade é impressionante: em 1991 projetou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e ao longo dos dez anos finais do século 20 criou várias outras obras importantes. Não interrompeu seu trabalho nos primeiros oito anos do século 21, desenvolvendo projetos no Brasil, em Oslo (Noruega), em Moscou e em Londres. E até pouco tempo antes de sua morte mantinha-se produtivo e lúcido.

O lado humano

No plano pessoal, casou-se com Annita Baldo, em 1928, com quem teve somente uma filha Anna Maria Niemeyer. Niemeyer tem cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos. Segundo depoimento do arquiteto, foi o casamento que o fez compreender a responsabilidade e o direcionou para o trabalho com seriedade.

Não se pode concluir uma biografia sua sem destacar seu caráter e generosidade: foi um homem corajoso que não hesitou em desprezar honrarias em prol de suas ideias, tendo se desligado da Academia Americana de Artes e Ciências em protesto contra a guerra do Vietnã. Além disso, fez diversos projetos gratuitamente, em benefício das causas que inspiravam sua construção.

Também colaborou na manutenção do líder comunista Luís Carlos Prestes, que não dispunha de renda própria na velhice. Vale lembrar que ambos se desligaram do Partido Comunista Brasileiro em 1990, por discordar dos rumos que a agremiação tomava.

Com um quadro de complicações renais e desidratação, Niemeyer morreu em 5 de dezembro de 2012, no Hospital Samaritano no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro, onde estava internado desde o dia 2. Seu corpo foi velado no Palácio do Planalto, sede do governo federal em Brasília e uma de suas próprias e marcantes obras.

Foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, em 7 de dezembro de 2012. O arquiteto completaria 105 anos em pouco mais de uma semana.