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Padre Cícero Eclesiástico e líder político brasileiro

24-3-1844, Crato (CE)

20-7-1934, Juazeiro do Norte (CE)

Do Klick Educação

17/08/2015 20h58

Cícero Romão Batista foi o mais polêmico dos padres do clero brasileiro. Banido oficialmente pela Igreja Romana, depois de adquirir fama de milagreiro, foi aceito e canonizado pela Igreja Popular e virou santo nos sertões nordestinos, tendo uma imensa legião de fiéis espalhados pelo Brasil. Ordenou-se sacerdote em 1870. Dois anos depois, radicava-se no pequeno povoado de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde fundou uma igreja e passou a desenvolver intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares. Em 1889, durante uma comunhão, uma hóstia consagrada por ele sangrou na boca da beata Maria de Araújo. O fato, relacionado ao derramamento do sangue de Jesus Cristo, foi considerado pelo povo um milagre. As toalhas com as quais limpou a boca da beata ficaram manchadas de sangue e passaram a ser veneradas. Em pouco tempo, Juazeiro passou a ser alvo de peregrinação, aumentando dia a dia sua população. Acusado de mistificação e heresia, Cícero foi punido com a suspensão de ordem (1894). Durante toda a vida tentou revogar em vão a pena. Inconformado, foi até Roma, em 1898, conseguindo uma reconciliação parcial com a Igreja, sendo absolvido pelo papa Leão XIII, mas continuou proibido de celebrar missas. Mesmo assim, não deixou de celebrá-las em sua igreja do vilarejo. Após a emancipação de Juazeiro, em 1911, foi prefeito da cidade por 15 anos. Mais tarde, vice-governador e deputado federal, mas nunca assumiu os cargos. Arregimentando facilmente seus milhares de romeiros, sustentou prolongada luta armada contra políticos cearenses, que terminou com a intervenção do governo federal (Revolução de 1914) e com a deposição do governador do Estado, Franco Rabelo. Depois de morto, aos 90 anos, sua fama alastrou-se pelo Amazonas e pela Bahia, inspirando os vários poetas sertanejos que cantam sua pessoa e seus milagres na literatura de cordel. Como pedido em seu testamento, todos os meses, no dia de sua morte, uma missa em sufrágio de sua alma é celebrada na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O costume espalhou-se para outras igrejas de Juazeiro e de outras cidades do Nordeste. No Dia de Finados, uma imensa legião de romeiros visita seu túmulo.