Péricles Estadista ateniense
500 a.C., Atenas (Grécia)
429 a.C., Atenas (Grécia)
Péricles pertencia uma das mais nobres famílias de Atenas, os Alcmeônidas. Era um homem de caráter forte, sóbrio, incorruptível e reservado. Foi eleito estratego (cada um dos dez magistrados da antiga Grécia, que compunham uma espécie de poder executivo, para cuidar especialmente das medidas de natureza militar), sem interrupções, de 443 a.C. a 429 a.C. Mas há informações de que, desde 460 a.C., ele tinha grande ascendência sobre a cidade de Atenas, graças ao poder da sua oratória, ao seu caráter e à sua habilidade política.
A autoridade de Péricles era tão grande que o período de seu governo passou a ser conhecido como a Época de Péricles. E o historiador Tucídides afirma que, sob a liderança de Péricles, Atenas, embora fosse uma democracia, foi dirigida, de fato, por seu melhor cidadão.
O objetivo político de Péricles era fazer de Atenas uma democracia ideal, em que houvesse equilíbrio entre os interesses do Estado e dos cidadãos. Também pretendia que Atenas exercesse liderança sobre toda a Grécia.
Seguindo esses objetivos, ele tentou realizar a união política da Grécia. Contudo, por causa do espírito conservador de Esparta, mas também pelo anseio de independência das outras cidades-Estado gregas, sua tentativa falhou.
Diante disso, Péricles adotou uma política imperialista - e a Confederação Délia, criada para opor-se às investidas persas, converteu-se num império ateniense. Seguindo tal política, ele estendeu a influência de Atenas até o mar Negro.
Os historiadores não sabem, ao certo, até que ponto Péricles foi responsável pela política que resultou no envolvimento de Atenas na guerra contra Esparta e Corinto. Mas quando a revolta eclodiu, em 431 a.C., Péricles determinou uma política voltada a derrotar a superioridade espartana em terra, o que causou grandes sofrimentos à população.
Aproveitando a oportunidade, os adversários de Péricles acusaram-no de malversação do dinheiro público, fazendo com que o estadista fosse condenado, em 430 a.C., a uma multa de 50 talentos (moeda corrente da época). Apesar disso, Péricles foi reeleito estratego, morrendo, entretanto, no ano seguinte.
Obras e inimigos
Péricles tornou-se famoso também pelas grandes obras públicas, principalmente o Partenon (templo da deusa Atena), o Propileus (grande portal e única entrada da Acrópole ateniense) e a Muralha Longa, entre Atenas e o Pireu (o principal porto da cidade).
Os principais adversários de Péricles foram Címon, favorável a uma política de relações amistosas com Esparta, e Tucídides, filho de Melesias. Este último levantou contra Péricles uma acusação de apropriação indébita de dinheiro pertencente à Confederação Délia. Os atenienses, contudo, mostraram-se favoráveis a Péricles contra ambos os adversários, condenando-os ao ostracismo (desterro político pelo período de dez anos).
O historiador Tucídides transcreveu em sua obra a famosa Oração fúnebre de Péricles, que o estadista teria pronunciado durante as cerimônias em homenagem aos atenienses mortos no primeiro ano da Guerra do Peloponeso.
Dicionário Oxford de Literatura Clássica (grega e latina), Jorge Zahar Editor