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Pietro Aretino Escritor italiano

19 ou 20 de abril de 1492, Arezzo (Itália)

21 de outubro de 1556, Veneza (Itália)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

28/11/2008 00h49

Famoso por suas violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, Aretino granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte. Viveu principalmente em Veneza, na Itália.

De família humilde da província - seu pai era sapateiro -, não teve formação clássica e, mesmo depois de enriquecido pelas chantagens contra os poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, fez questão de permanecer avesso às convenções classicistas, ao petrarquismo (movimento literário que sofreu a influência do poeta Francesco Petrarca), ao moralismo e a todos os mitos que sustentavam as concepções literárias de sua época.

Aretino tornou-se famoso através dos tempos por seus escritos pornográficos, sobretudo as obras As argumentações, Capítulos e Sonetos luxuriosos (estes últimos, admiravelmente traduzidos no Brasil por José Paulo Paes).

Porém, o escritor é muito mais importante como jornalista. Suas críticas mordazes e às vezes caluniosas eram divulgadas, numa época em que não existiam periódicos, no Pasquino, em Roma, e em Das Letras, distribuídas em volantes.

A independência de Aretino, que dispensava a proteção dos ricos, manifestou-se também na literatura. Enquanto os comediógrafos contemporâneos imitavam Plauto, Aretino soube ser original, utilizando uma linguagem popular oposta à linguagem retórica.
 

Fecundo epistológrafo

Na prosa, Aretino substituiu a metáfora petrarquista por expressões menos convencionais e mais vivas. São humanas e naturais as suas descrições de paisagens, por exemplo a do crepúsculo sobre o canal Grande em Veneza.

Na tragédia Orazia, embora não tenha conseguido criar uma grande obra, atingiu originalidade inexistente em outros autores do teatro italiano quinhentista.

Segundo o que afirma José Paulo Paes, dando a si mesmo o título de O Flagelo dos Príncipes, Aretino exerceu sua atividade de chantagista sobretudo através das cartas que constantemente trocava com quase todas as personalidades da época. Foi, sem comparação, o mais fecundo epistológrafo da literatura italiana, onde praticamente inaugurou o gênero ao publicar, ainda em vida, seis volumes de suas Cartas.

Em sua obra, Aretino pinta um retrato excepcionalmente vivo da sociedade italiana da Renascença, desvendando-lhe a intimidade com uma incontinência de linguagem e um grau de realismo ao qual não chegara Giovanni Boccaccio, seu modelo evidente.
 

Enciclopédia Mirador Internacional e "Notícia biográfica", de José Paulo Paes, no volume "Sonetos Luxuriosos" (Companhia das Letras)