Pietro Aretino Escritor italiano
19 ou 20 de abril de 1492, Arezzo (Itália)
21 de outubro de 1556, Veneza (Itália)
Famoso por suas violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, Aretino granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte. Viveu principalmente em Veneza, na Itália.
De família humilde da província - seu pai era sapateiro -, não teve formação clássica e, mesmo depois de enriquecido pelas chantagens contra os poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, fez questão de permanecer avesso às convenções classicistas, ao petrarquismo (movimento literário que sofreu a influência do poeta Francesco Petrarca), ao moralismo e a todos os mitos que sustentavam as concepções literárias de sua época.
Aretino tornou-se famoso através dos tempos por seus escritos pornográficos, sobretudo as obras As argumentações, Capítulos e Sonetos luxuriosos (estes últimos, admiravelmente traduzidos no Brasil por José Paulo Paes).
Porém, o escritor é muito mais importante como jornalista. Suas críticas mordazes e às vezes caluniosas eram divulgadas, numa época em que não existiam periódicos, no Pasquino, em Roma, e em Das Letras, distribuídas em volantes.
A independência de Aretino, que dispensava a proteção dos ricos, manifestou-se também na literatura. Enquanto os comediógrafos contemporâneos imitavam Plauto, Aretino soube ser original, utilizando uma linguagem popular oposta à linguagem retórica.
Fecundo epistológrafo
Na prosa, Aretino substituiu a metáfora petrarquista por expressões menos convencionais e mais vivas. São humanas e naturais as suas descrições de paisagens, por exemplo a do crepúsculo sobre o canal Grande em Veneza.
Na tragédia Orazia, embora não tenha conseguido criar uma grande obra, atingiu originalidade inexistente em outros autores do teatro italiano quinhentista.
Segundo o que afirma José Paulo Paes, dando a si mesmo o título de O Flagelo dos Príncipes, Aretino exerceu sua atividade de chantagista sobretudo através das cartas que constantemente trocava com quase todas as personalidades da época. Foi, sem comparação, o mais fecundo epistológrafo da literatura italiana, onde praticamente inaugurou o gênero ao publicar, ainda em vida, seis volumes de suas Cartas.
Em sua obra, Aretino pinta um retrato excepcionalmente vivo da sociedade italiana da Renascença, desvendando-lhe a intimidade com uma incontinência de linguagem e um grau de realismo ao qual não chegara Giovanni Boccaccio, seu modelo evidente.